A contratação de Cristiano Ronaldo pelo Al-Nassr parece ter despertado a atenção do mundo para a ofensiva do futebol saudita no quesito contratações. Recentemente, foi noticiado que Róger Guedes, atacante do Corinthians, está na mira de dois importantes clubes do principal campeonato da Arábia Saudita: o Al-Hilal, sob o comando de Jorge Jesus, e o Al-Nassr, onde atua Cristiano Ronaldo.
Caso se concretize, essa contratação será mais uma dentre várias que, até pouco tempo atrás, pareciam impensáveis. A ida de Cristiano Ronaldo já fazia sentido, considerando que muitas estrelas em término de carreira optam por campeonatos menores para se preparar para a aposentadoria. No entanto, atualmente, muitos jogadores no auge de suas carreiras estão se transferindo para a Arábia Saudita, prontos para sacrificar o sucesso esportivo em troca de lucrativos contratos, possibilitando, quem sabe, uma aposentadoria mais precoce do que o previsto.
Arábia Saudita: um investimento muito sério
O futebol saudita já vinha investindo pesado e de forma inteligente nos últimos anos. Basta pensar que foi do Al-Hilal que veio Jorge Jesus para sua bem-sucedida passagem pelo Flamengo.
Entretanto, a super contratação de Cristiano Ronaldo passou uma nova mensagem ao mundo. Os sauditas indicaram que estavam falando muito sério quanto à vontade de ganhar notoriedade.
E o fato é que nomes como Roberto Firmino, Diogo Jota, Karim Benzema (este um caso “clássico” de jogador em fim de carreira), N’Golo Kante, Rúben Neves ou Kalidou Koulibaly certamente farão com que as apostas de futebol em Novibet e em casas de apostas esportivas semelhantes dediquem mais atenção à “RoshnSaudiLeague”, o campeonato de futebol saudita.
Competição regional
De fato, a Arábia Saudita não está sozinha nessa dinâmica. A península arábica e o Oriente Médio possuem suas próprias complexidades geopolíticas e rivalidades. No cenário da Fórmula 1, os fãs já perceberam a rivalidade existente na região, com três países (Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Bahrein) garantindo um Grande Prêmio permanente, e o Qatar também demonstrando interesse em sediar uma prova de forma permanente. Essas competições ressaltam a competitividade e o desejo de se tornarem destinos importantes no circuito da Fórmula 1.
As aquisições de grandes times europeus, como o Manchester City pelos Emirados Árabes Unidos, representados por Mansour bin Zayed Al Nahyan, e o Paris Saint-Germain pelo Catar, são evidências dessas rivalidades na região. A competição entre esses países também se estende a outros esportes, como o golfe, onde a Arábia Saudita adquiriu o controle do PGA Tour na mesma semana em que o Manchester City conquistou sua primeira Liga dos Campeões, simbolizando a determinação dos sauditas em não ficar para trás e continuar rivalizando com seus vizinhos em diversas áreas. Essas aquisições também demonstram a crescente influência esportiva dessas nações no cenário internacional.
Alguns comentaristas europeus sugerem que o objetivo dos sauditas e de seus vizinhos árabes ao investirem em clubes esportivos é o chamado “sports washing“, uma estratégia de melhorar sua imagem internacionalmente, especialmente diante das preocupações com os registros de direitos humanos. No entanto, há quem questione se essa interpretação não seria um tanto eurocêntrica, pois pode não levar em conta outros aspectos culturais e políticos que estão envolvidos nessas ações e investimentos esportivos.
No Financial Times, o comentarista Simon Kuper apresenta uma explicação mais simples: o futebol europeu transformou-se em uma competição de “status” entre as monarquias do Golfo. Será que os sauditas têm o real desejo de elevar o nível de seu futebol a ponto de torná-lo o melhor do mundo? Estariam eles verdadeiramente analisando o rácio entre despesas e receitas, visando tornar sua liga mais atrativa?
Há aproximadamente 50 anos, diversas ligas e torneios de diferentes regiões do mundo têm investido na contratação de renomadas estrelas do futebol. Durante a década de 70, a liga americana trouxe notáveis astros sul-americanos e europeus que estavam no final de suas carreiras. Mais recentemente, a China também tem adotado uma estratégia semelhante. Entretanto, essas iniciativas nunca foram suficientes para que essas ligas rivalizassem com as ligas europeias em termos de prestígio e popularidade. As ligas europeias ainda mantêm sua posição dominante no cenário do futebol mundial.
Será que os sauditas possuem um plano que vá além de simplesmente investir uma grande quantia de dinheiro em jogadores de futebol e técnicos? Esse plano precisará ser verdadeiramente ambicioso, uma vez que não será fácil recuperar os investimentos que estão sendo realizados.
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