Uma série de acontecimentos nas últimas 48 horas expôs publicamente uma crise nos bastidores do Corinthians. Os ataques e trocas de acusações envolvem sobretudo dois personagens: o diretor estatutário de futebol Rubens Gomes, o Rubão, e o presidente do Conselho Deliberativo Romeu Tuma Júnior, que publicou nota na noite desta sexta-feira, 18, com fortes opiniões sobre o diretor e seu trabalho no clube.
Tudo começou, porém, na última terça-feira, 16, quando o portal Meu Timão divulgou que Rubão e o presidente Augusto Melo estariam em conflito nos bastidores e que, apesar de estar presente diariamente no CT, a participação do diretor de futebol nas decisões teria diminuído recentemente. Essa informação já circulava informalmente no Parque São Jorge, mas jamais havia sido publicada anteriormente.
Ambos os dirigentes negaram veementemente a matéria. Augusto, por exemplo, disse em entrevista à Central do Timão: “A gente tá preocupado com o Corinthians. Isso é conversa, são pessoas tentando conturbar a situação. O ambiente tá bom, tá tudo tranquilo”. Já Rubão preferiu responder o portal Meu Timão no Instagram, afirmando que não foi procurado para dar sua versão sobre o suposto imbróglio entre ele e o presidente do clube.
Durante a estadia em Caxias do Sul, onde o Corinthians enfrentou o Juventude e perdeu por 2 x 0 pelo Campeonato Brasileiro na quarta-feira, 16, a Central do Timão verificou que os dirigentes estiveram mais próximos, possivelmente na tentativa de sinalizar que o bom relacionamento permanecia. Porém, nesta quinta-feira, 17, reportagem do ge.com fez explodir uma crise que era, até então, interna.
Na matéria, constava uma entrevista com Rubão, na qual o dirigente afirmava que o afastamento era “físico, não emocional”, e fruto da agenda movimentada de Augusto Melo como presidente, além de defender seu trabalho como diretor. Fez, também, duras críticas e acusações a Romeu Tuma Júnior, afirmando que o presidente do Conselho Deliberativo intencionava montar um “governo paralelo” no clube.
“Antes estávamos o tempo todo juntos pela campanha. Hoje ele tem o Corinthians para tocar, é uma nação. Há um distanciamento físico e não emocional. Eu penso de um jeito, ele pensa de outro, divergências sempre vão ter. Mas não existe isso de que a gente não se fala, não tem nada disso. Sou diretor dele. Ele tem a caneta. Se estivesse insatisfeito, ele teria que tomar as providências.”
“Foi montado um governo paralelo que a gente não vai admitir. Não vamos admitir de forma alguma! Não chegamos lá por imposição, chegamos lá pelo voto do associado, não só voto de conselheiro só. É bem diferente. Se você quiser fiscalizar, não tem problema nenhum, o que não pode é criar uma estrutura para pressionar o presidente. O conselheiro foi nomeado para legislar, não para executar.”
A resposta de Tuma não tardou. Poucas horas depois, por meio de nota oficial, o conselheiro afirmou que as falas de Rubão eram “coisa de covarde”, dizendo ainda que o diretor não possuía “dimensão de sua responsabilidade quer na condição de dirigente, quer na condição de cidadão”.
O presidente do Conselho Deliberativo ainda criticou duramente o trabalho do diretor nestes primeiros meses de mandato, defendeu a criação das comissões, afirmando serem previstas no estatuto do clube, e aconselhou Augusto a se afastar de Rubão, insinuando que outros aliados da gestão poderiam fazê-lo caso o diretor permaneça na função.
Por volta das 21h desta quinta-feira, Rubão replicou a nota de Tuma, através de um posicionamento publicado em seu perfil no Instagram. Nele, o diretor critica o uso do papel timbrado do Corinthians por parte do presidente do CD, além de reafirmar acusações e tecer novas críticas à sua postura. Confira o texto:
Rubão e Tuma se conhecem há vários anos, com o primeiro tendo trabalhado como chefe de gabinete do segundo, quando era deputado estadual, entre os anos de 2003 e 2007. O afastamento entre ambos se iniciou no contexto da crise política e institucional profunda na qual o Corinthians se envolveu durante a era MSI. O ano de 2007 foi, também, quando Rubão dirigiu o futebol do clube pela primeira vez.
Hoje, o embate adquire nuances também eleitorais, pois, conforme o ge.globo apurou, a sucessão de Augusto já é discutida no Parque São Jorge, e o cargo de diretor de futebol tradicionalmente é um “trampolim” para candidatos à presidência do clube. Dessa forma, Rubão vem sendo pressionado, enquanto outros nomes vem sendo propostos para a função, como o do conselheiro vitalício Fran Papaiordanou, que pertence ao mesmo grupo político de Tuma.
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