- Por Gabriel Gonçalves e Nágela Gaia / Redação Central do Timão
O goleiro Júlio César, cria do Terrão corinthiano, sofreu fratura exposta em uma das mãos, mas continuou em campo; relembre o caso
No dia 20 de julho de 2011, Botafogo e Corinthians se enfrentaram em São Januário pela décima rodada do Campeonato Brasileiro. Embalado, o time de Tite precisava se isolar na ponta do torneio nacional. Ainda invicto, o Timão segurou o Bota, e já aos 43 minutos do primeiro tempo, abriu o placar com Liédson.
O time carioca voltou do intervalo com vontade de correr atrás do placar, mas sem muita efetividade. O Corinthians, seguro e concentrado, neutralizou as ações do Alvinegro carioca. O susto maior veio aos 41 minutos do segundo tempo, mas não em um lance com a bola, e sim, com um atleta do Corinthians.
Ao fazer uma defesa um tanto quanto simples, Júlio César, goleiro do Corinthians, teve uma luxação visualmente incômoda, ficando com um dos dedos bem torto para o lado; uma imagem que chocou a todos que assistiam pela TV.
Porém, ao perceber que o técnico Tite já havia realizado as três substituições, Júlio resolveu continuar em campo, mesmo com a luxação.
“É a segunda vez que acontece isso na minha carreira. O Castán (Leandro Castán, zagueiro) tinha dito que tinha jogado como goleiro. Aí veio o coração, veio a alma, veio o que esse grupo tem de melhor: espírito e doação”, citou o goleiro à época.
A defesa do Corinthians apresentou ainda mais entrega tática, tentando reduzir as chances de chute à meta do contundido Júlio César. Já aos 48 minutos, Paulinho deixou o ambiente mais tranquilo ao fazer o 2×0 e cravar a vitória do Corinthians.
“Quebrou o dedo. Tive fratura exposta. Aqui é Corinthians”, disse Júlio após a partida, que ainda completou:
“Só Deus sabe, está latejando muito. Não, não (pensei em sair), falei ‘eu vou até o final’. Assim é Corinthians”.
Com a vitória, o Corinthians abriu sete ponto de vantagem para o segundo colocado, São Paulo, e deu um passo importante para a campanha que se encerraria com o título Brasileiro.
Julio César de Souza Santos chegou à base do Timão com quinze anos em 1999 e já em 2004 conquistou seu primeiro título de relevância, a Copa São Paulo, repetindo a dose em 2005.
Suas boas atuações o levaram ao time profissional, tendo conquistado, o que poucos lembram, o título Brasileiro de 2005 onde jogou apenas uma partida, a vitória sobre o Figueirense por 2×1 no Pacaembu. Demorou para se firmar, mas, soube esperar pacientemente sua oportunidade. E ela surgiu em 2010, ano do centenário corinthiano, em um time recheado de bons jogadores, após a saída do titular Felipe.
Mesmo com boas atuações, o Corinthians, após a Copa do Mundo, recorreu ao veterano paraguaio Bobadilla que sequer atuou. A bola literalmente estava nas mãos de Júlio.
Foi o goleiro titular até as quartas de final do Paulistão 2012, quando perdeu a vaga para o recém chegado Cássio, exatamente no primeiro jogo válido pelas oitavas de final da histórica Libertadores, contra o Emelec. Seu ciclo no clube terminou em meados de 2014 ao ser negociado com o Náutico.
Júlio César, hoje goleiro do Red Bull Bragantino, fez 140 jogos pelo Corinthians, e é um dos maiores vencedores de troféus da história do Clube, com nove conquistas profissionais, mais duas Copinhas.