Ditão, o zagueiro ‘limpa-área do Corinthians’, foi um dos primeiros jogadores de zaga a tentar gol de cabeça em cobranças de escanteio.
“Um beque duro, um homem bom, sério. Ditão, o Homem de Aço“, assim a capa da revista Placar descreveu Geraldo Freitas Nascimento na década de 70. Símbolo da raça nos anos 60/70, Ditão chegou ao Corinthians para se firmar como titular e comandar a zaga e se tornar um dos ídolos do Corinthians.
Vindo de uma família de atletas, onde todos os seus irmãos também tinham apelido de Ditão – porque o pai era Ditão, ex-volante e zagueiro da Juventus – chegou ao Corinthians prestes a fazer 28 anos, após passagens por Juventus e Portuguesa. Apesar da sua idade, ao chegar, não teve problemas para comandar a zaga alvinegra. Pelo contrário, usava a experiência para se destacar. Era chamado de “limpa área” pela imprensa.
Ditão não era um primor de técnica, se valia da boa estatura, tinha bom posicionamento e tempo de bola, mas compensava a falta de técnica do jeito que corinthiano gosta: com muita raça e dedicação em campo. Fez parte da equipe que ganhou do radialista Solange Bibas, o nome de “Timão”, pois tinha, além de Ditão, Nair e Garrincha.
Numa época em que zagueiros tinham que ser altos e fortes e jogarem plantados no setor defensivo, Ditão chegou a ser convocado para a Seleção Brasileira para a Copa de 1966. Mas, por um erro da CBD (CBF atual), que ao inscrever o nome do atleta, inscreveu seu irmão, também Ditão, do Flamengo, o Ditão do Corinthians voltou do aeroporto e seu irmão embarcou para o Mundial. Humilde, seguiu sua vida, apesar de ter sido vítima de uma das maiores injustiças já feitas no futebol brasileiro.
Numa época em que raras vezes um defensor ultrapassava o meio de campo, Ditão foi um dos primeiros zagueiros do futebol mundial a se projetar na área adversária em cobranças de escanteios, a partir dos 35 minutos do segundo tempo, para tentar gols de cabeça.
Em faltas e escanteios próximos à área adversária, Ditão ia para o ataque arriscar cabeceios e tinha uma espécie de “código” com o batedor da bola parada e isso acabou sendo a sua marca registrada. Antes das cobranças ele sempre batia com uma das mãos no calcanhar da chuteira. E foi num desses lances, que Ditão marcou o seu gol mais importante, o de empate num clássico contra o rival do Parque Antártica, aos 41 minutos do segundo tempo e que abriu a reação para que o Corinthians ainda virasse o placar aos 44 da etapa final com gol de Benê.
Nunca foi um jogador violento, jamais foi expulso de campo ao longo da carreira, mas ficaria marcado no futebol por um lance infeliz e involuntário. Durante um Corinthians x Cruzeiro ele acertou uma bolada no olho do Tostão. Ditão foi despachar a bola que, involuntariamente, atingiu o rosto de Tostão. Houve deslocamento da retina do olho do cruzeirense, que, anos depois, teve de abandonar o futebol. A história comoveu o país.
O final da bonita história de Ditão no futebol se deu com a chegada de Baldocchi no Corinthians em 1971. Na reserva e desanimado, se aposentou. E em 1994, divorciado e vivendo sozinho, morreu vítima de ataque cardíaco no banheiro de sua casa na Vila Gustavo, em Guarulhos.
Pelo Corinthians, Ditão participou da conquista do Torneio Rio-São Paulo de 1966 e também levantou o caneco do Torneio do Povo em 1971. Ao todo, foram 281 partidas e 4 gols marcados no período entre 1966 e 1971.
Foi um dos grandes símbolos da raça alvinegra no período de jejum de títulos paulistas. Todos os corinthianos que o viram jogar, ainda dizem: “Saudades, Ditão”.
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