Filho do Terrão e multicampeão pelo Corinthians, o goleiro Júlio César é um dos atletas mais representativos da história recente do Clube
Muitos torcedores, inclusive eu, vêem a base corinthiana como um celeiro de pedras preciosas. Dela saíram alguns de nossos principais jogadores, com destaque para os goleiros, responsáveis por conquistas memoráveis e outros que tiveram sua importância em determinado momento de nossa história.
Julio César de Souza Santos faz parte desse time. Chegou à base do Timão com quinze anos em 1999 e já em 2004 conquistou seu primeiro título de relevância, a Copa São Paulo, repetindo a dose em 2005.
Suas boas atuações o levaram ao time profissional, tendo conquistado, o que poucos lembram, o título brasileiro de 2005 onde jogou apenas uma partida, a vitória sobre o Figueirense por 2×1 no Pacaembu. Nunca conseguiu se firmar e mesmo sendo preterido por goleiros, alguns de gosto muito duvidoso que chegavam ao Parque São Jorge, soube esperar pacientemente sua oportunidade.
E ela surgiu em 2010, ano do centenário corinthiano, em um time recheado de bons jogadores, após a saída do titular Felipe. Mesmo com boas atuações, o Corinthians, após a Copa do mundo, recorreu ao veterano paraguaio Bobadilla que sequer atuou. A bola literalmente estava nas mãos de Júlio.
O ano de 2011 começa e a eliminação para o Tolima na pré-Libertadores só aumentou a pressão sobre ele e a equipe, que continuou forte após sua falha no gol de Neymar na final do Paulistão daquele ano, ligando definitivamente o sinal de alerta para o Campeonato Brasileiro. E lá foi a diretoria atrás do jovem Renan, goleiro com boas atuações pelo Avaí, o preparando para ser a sombra de Júlio César.
O time faz boa campanha no certame nacional. Chega então a décima rodada, partida contra o Botafogo no estádio de São Januário e o momento mais marcante da carreira do goleiro. Na reta final do jogo, com o Corinthians tendo feito as três alterações e vencendo por 1 a 0, em um lance fortuito ele sofre uma luxação exposta no dedo mínimo da mão esquerda.
O arqueiro chora de dor, mas o espírito guerreiro, a garra, a raça e principalmente o amor ao Corinthians o fizeram superar a adversidade seguindo até o final da partida, inclusive fazendo uma defesa muito difícil após um cruzamento. Indagado por um repórter ao final da partida do por quê daquele ato de heroísmo, a resposta foi simples: “AQUI É CORINTHIANS”.
Sai da equipe para se recuperar e abre espaço para Renan, mas este falha nas partidas contra Cruzeiro e Avaí, acabando com a boa sequência do time e fazendo com que a Fiel implore pela volta de seu titular.
A recompensa por tamanha identificação vem com o título em dezembro. Continua como titular até as quartas de final do Paulistão 2012 quando após duas falhas na derrota e eliminação por 3×2 para a Ponte Preta, perde a vaga para o recém chegado Cássio, exatamente no primeiro jogo válido pelas oitavas de final da histórica Libertadores, contra o Emelec. Indiretamente Júlio César foi importante também aí, não da maneira que gostaria, mas abriu espaço para alguém que viria a se tornar um dos maiores ídolos da história do Corinthians.
Coisas do futebol. Seu ciclo no clube terminou em meados de 2014 ao ser negociado com o Náutico.
Júlio é um dos maiores vencedores de troféus da nossa história, exatamente ao lado de Cássio, com nove conquistas profissionais, mais duas Copinhas. Hoje atua no Red Bull Bragantino.
Júlio César foi um goleiro contestado na sua trajetória corinthiana, mas hoje, dia do seu aniversário de 37 anos, não há contestação: ele merece todo nosso respeito e admiração por tanta dedicação e amor que sempre demonstrou por nosso time.
Em nome da CENTRAL DO TIMÃO, quero desejar muito sucesso, muita saúde e muitas conquistas. Lhe agradecemos por tudo que fez em prol do nosso grande Corinthians.
Vida longa a esse herói corinthiano!
2019 @ Central do Timão - Todos os direitos reservados