Criado na periferia, Serginho teve uma trajetória inspiradora através do esporte e contribuiu para a história do vôlei corinthiano.
Titular da Seleção Brasileira Masculina de Vôlei por quase duas décadas, o líbero Serginho, de 45 anos, anunciou sua aposentadoria das quadras no dia 16 de maio do ano passado, depois de uma carreira vitoriosa. Duas medalhas Olímpicas de ouros (2004 e 2016) e duas pratas (2008 e 2012), dois títulos Mundiais (2002 e 2006) e outros inúmeros troféus pela seleção, o menino que nasceu em Diamante do Norte, no Paraná, e cresceu em Pirituba, na periferia paulistana, deixa grandes exemplos e grandes legados ao esporte.
Sergio Dutra Santos, mais conhecido como “Serginho” ou “Escadinha”, veio cedo com a família para Pirituba. Lá, trabalhou como empacotador, office boy e vendedor ambulante, vivendo sob um cenário de violência e tráfico de drogas, para o qual perdeu muitos dos amigos que fez.
Apesar das dificuldades, Serginho trilhou um caminho diferente e conseguiu chegar a grandes conquistas graças ao esporte. Iniciou nas peneiras em grandes clubes da época. Atuou por Suzano e Banespa, até a sua primeira convocação para a Seleção Brasileira.
“Hoje poder parar, para mim é a melhor coisa do mundo. Poder encerrar a carreira e dizer que tudo valeu a pena. Cada manchete, cada peixinho, cada viagem, cada título ganho, cada título perdido. Meu choro hoje é de felicidade. As pessoas que quiserem lembrar de mim, joguem voleibol. Só isso”, afirmou o craque, em entrevista ao Esporte Espetacular“
Em 2017, aos 42 anos Serginho teve a brilhante iniciativa de criar, em parceria com a prefeitura de Guarulhos, a equipe de voleibol do seu time do coração, o Corinthians.
Logo no primeiro ano de atividade, que iniciou na temporada 2017/18, com Serginho como líbero da equipe e ao mesmo tempo coordenador técnico, o time de vôlei do Timão conquistou a Taça Ouro de Voleibol Masculino de 2017, o vice-campeonato Paulista, ficou em sexto lugar na Superliga de 2017/18 pela série A e chegou às quartas de final da Copa Brasil de vôlei em 2018.
Infelizmente, por conta de uma grande reestruturação, a parceria foi encerrada em maio do ano passado. O time de Guarulhos permaneceu, mas sem a marca do Corinthians. A última equipe de Serginho foi o Vôlei Ribeirão, que ele defendeu até o recente 7 de março. Foi a última rodada antes de a CBV encerrar a Superliga masculina de vôlei por causa do coronavírus. No jogo derradeiro, 3 x 2 de virada fora de casa contra o Minas.
Olimpíadas: Ouro – Atenas 2004; Ouro – Rio 2016; Prata – Pequim 2008; Prata – Londres 2012
Campeonato Mundial: Ouro – Buenos Aires 2002; Ouro – Tóquio 2006
Copa do Mundo: Ouro – Japão 2003; Ouro – Japão 2007; Bronze – Japão 2011
Liga Mundial: Ouro – Katowice 2001; Ouro Madrid 2003; Ouro – Roma 2004; Ouro – Belgrado 2005; Ouro – Moscou 2006; Ouro – Katowice 2007; Ouro Belgrado 2009; Prata – Belo Horizonte 2002; Prata – Cracóvia 2016
Jogos Pan-Americanos: Ouro – Rio 2007; Bronze – Santo Domingo 2003
Importante replicar as palavras do narrador Galvão Bueno para Serginho no programa Bem Amigos do canal SporTV, em 2017:
“Serginho é um herói brasileiro. Ele é muito mais que um ídolo, pelo que nós vimos. Pela essência. Pela história, pelo reconhecimento da origem. Coisa bonita ele dizer que queria construir uma casa para a mãe mas queria guardar e preservar para sempre a casinha de dois cômodos onde a família inteira morava e onde tudo começou. Gente, isso é exemplo para tanta gente… Ando tão revoltado com tudo o que anda acontecendo… Você é um exemplo, cara. Você não é um esportista que venceu. Você não é um esportista que conquistou medalhas. Você não é um esportista que simplesmente entrou para a história. Você é o exemplo que a gente imagina que um esportista seja para os jovens.“
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