Central do Timão inicia série de matérias para ajudar o torcedor a entender mais sobre as finanças do Clube
Durante a primeira semana de maio, uma palavra tomou conta das conversas sobre o Corinthians: dívida. Tudo porque o clube apresentou internamente o balanço final de 2019. Tal resultado financeiro teria demonstrando um déficit de R$ 177 milhões aos cofres do Timão.
O documento teria causado questionamentos dentre os conselheiros. O clube ainda não divulgou oficialmente o balanço no portal da transparência. O resultado deverá passar por auditorias até a publicação.
A Central do Timão teve, inclusive, acesso a algumas dessas demonstrações financeiras, que analisam as contas apresentadas. Para ajudar o torcedor a entender um pouco mais sobre o suposto aumento da dívida, começa hoje uma série de matérias para explicar os principais pontos das finanças do Corinthians. E a primeira delas é a relação entre receitas e despesas.
Por definição, “receita” é todo o recurso que o clube consegue captar. Como indica o próprio estatuto do clube, o Corinthians pode contar com as seguintes fontes: contribuições sociais; produto de aluguéis; rendas das secções desportivas; produto de venda de material de qualquer natureza; rendas de serviços internos e anúncios; multas; donativos e participações acionárias.
Em um primeiro momento, o clube constrói um orçamento projetado para o próximo ano. O objetivo é colocar no papel o que poderá ser arrecadado na temporada. Já no final do período, é possível produzir o orçamento real, que corresponde à quantia que de fato adentrou aos cofres do Corinthians.
Dessa maneira, o resultado de 2019 aponta uma queda significativa em uma das principais fontes de arrecadação: os direitos de transmissão. O Corinthians previa receber R$ 240 milhões. Porém, o valor que realmente entrou para os cofres do clube foi algo próximo de R$ 188 milhões. Vale lembrar que, em 2018, o clube recebeu mais de R$ 197 milhões de reais.
Tal diferença se dá pela própria mudança da regra de distribuição das cotas de TV do Brasileirão. Para 2019, do total, 40% foram divididos igualmente entre os 20 clubes da série A; 30% em relação ao número de jogos transmitidos e 30% sobre a posição na tabela. Um dos principais problemas se dá pela estratégia da Globo, que teria privilegiado transmitir os jogos do Timão no pay-per-view, buscando o aumento da adesão ao serviço. Assim, o Timão teve apenas 12 jogos transmitidos em TV aberta durante todo o campeonato.
Já em relação aos patrocínios, em 2019, o Corinthians faturou R$ 73 milhões. O número está acima dos R$ 64 milhões projetados e, também, dos quase R$ 43 milhões arrecadados em 2018. Vale lembrar que, durante um grande período da temporada de 2018, o clube ficou sem patrocínio máster na camisa.
A arrecadação nos jogos também é um valor de receita para o clube. Em 2019, o Corinthians recolheu cerca de R$ 62,3 milhões com bilheteria, R$ 12,9 milhões a menos do que foi projetado para a temporada. Porém, vale lembrar que este dinheiro não vai para a entidade, mas sim para a amortização da dívida da Arena com a Caixa Econômica Federal.
Durante o ano de 2019, o Corinthians ainda teve as seguintes fontes de receita:
R$ 30,6 milhões com receitas da marca (incluso o Fiel Torcedor e loterias);
R$ 14,8 milhões com contribuições de associados ao clube;
R$ 6 milhões com explorações comerciais diversas;
Além desses valores, o Timão, que teve dedução na ordem de R$ 22,2 milhões, teria arrecadado cerca de R$ 45 milhões com vendas de atletas, menos da metade dos 118 milhões de reais captados em 2018. Assim, as receitas do clube em 2019 foram em torno de R$ 404 milhões.
Ao mesmo tempo em que o clube recebe dinheiro, ele também gasta. O objetivo das despesas, então, é manter o funcionamento das atividades da associação e promover as operações empresariais.
Os gastos auditados dos resultados de 2019, são relativos ao clube e ao futebol. Vale ressaltar que ‘clube’ se refere às instalações da sede social no Parque São Jorge e às diversas modalidades desportivas controladas pelo Corinthians. Logo, toda a despesa com pessoal atingiu R$ 353,8 milhões em 2019.
Desse total, cerca de R$ 261 milhões se referem a salários e encargos (contra R$ 212, 8 milhões em 2018); R$ 29,5 milhões em direitos de atletas (contra pouco mais de R$ 17 milhões em 2018) e R$ 63 milhões em amortização e direitos federativos (contra R$ 37,4 milhões em 2018).
No todo, o Corinthians apresentou um ‘encarecimento’ de mais de R$ 86 milhões de reais com os gastos relativos ao pessoal. Assim, além de vender menos atletas, os números indicam que o clube gastou mais com compras e pagamentos de salários e direitos.
O Corinthians ainda registra despesas gerais e administrativas. Nesse sentido, R$ 16 milhões foram gastos apenas no futebol. Já a mesma fonte de gastos em relação ao clube consumiu R$ 20,6 milhões. A previsão era uma despesa próxima dos R$ 7,5 milhões de reais. Logo, o Corinthians também apresentou uma elevação dos custos gerais e administrativos do clube.
O clube de futebol ainda tem despesas com os jogos, que envolve todo o processo de deslocamento, estadia e segurança. Nesse sentido, o Corinthians registrou um gasto próximo dos R$ 61 milhões em 2019. Além disso, somam-se outras duas variantes:
R$ 5,3 milhões com depreciação do patrimônio;
R$ 22,4 milhões com serviços.
Somando tudo, o Corinthians teria um total de R$ 491,3 milhões de reais com despesas gerais para o funcionamento da instituição.
Para a montagem do balança financeiro, anexam-se outras despesas, referentes a fatores, como:
despesas financeiras;
juros;
empréstimos e renegociações de dívidas.
Todos esses valores indicam um resultado de cerca de R$ 177 milhões de reais deficitários, que serão agora analisados pelo Conselho Deliberativo, que poderá aprovar ou não tal documento. Importa registrar que, antes da apreciação das contas pelo Conselho Deliberativo, o órgão consultivo CORI (Conselho de Orientação) dará seu parecer.
Por Gabriel Gonçalves / Redação da Central do Timão
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