Meus amigos, nem os puros amores, embalados por cartas e canções dos Beatles, maltratam os corações humanos como o faz um simples esporte bretão chamado futebol.
Nada tem o poder tão irreverente de despertar paixões e jogá-las contra um muro de raiva, decepção e ira. Nem mesmo os términos em dias de chuva.
Gostar de futebol é viver constantemente entre “para que eu preciso disso?”, “vou desistir de assistir essa m….”, “não preciso sofrer mais” com “eu amo esse time”, “que jogo do c…..” e “Corinthians minha vida, minha história, meu amor”.
Às vezes isso ocorre em um curto espaço de tempo, seja no primeiro, seja no segundo. Há um mar de emoções muito extenso entre a euforia de marcar um gol aos 92 e a raiva de sair de campo sob os gritos de olé.
E a gente desliga a TV, sai para tomar um ar, dá um gole mais profundo na cerveja ou fuma um cigarro. Ou nada disso, afinal, cada um faz o que lhe apetece. Porém, dentro de si o sentimento é o mesmo “acabou, não vou mais perder meu tempo com isso.”
Mas dura pouco e a gente volta no próximo.
Ah, a gente sempre volta!
Penso que é porque sabemos que o campo é feito de jogadores, caras que estão bem ou mal, não se sabe, depende. Eles são criticáveis, odiáveis e repugnantes. Mas o clube não, o emblema que vai na camisa é maior do que tudo. Maior do que a raiva, maior do que a desilusão.
E a gente volta, ah se volta. Como o cão arrependido, como o filho pródigo, a gente volta. E grita mais, e chora, e sofre. Afinal, do que mais é feita essa vida?
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