Foi divulgado essa semana um depoimento de Marcelo para a jornalista Joana Assis. No texto ele conta um pouco de sua trajetória e das motivações que o levaram a mudar de sexo. Marcelo até dezembro era Marcela.
Enquanto mulher, venceu o Campeonato Brasileiro de 2018 jogando com a camisa do Corinthians, sendo uma das jogadoras mais importantes e essenciais daquele elenco. Sempre foi muito ágil e com grande rapidez para pensar e agir em campo. Jogava muita bola!
Apesar de ter saído do time, justamente por não se sentir bem como mulher e passar por sua transformação de gênero, Marcelo manifesta o interesse de continuar jogando futebol, só que agora no masculino. É aí que o Corinthians poderia entrar.
Faz tempo que o time sente a necessidade de um ponta de qualidade, com as mesmas ou características semelhantes à de Marcelo. O jogador manteve e mantém sua forma física treinando por conta própria enquanto faz o tratamento hormonal, condicionamento não seria um problema. Restaria apenas se adequar ao ritmo de jogo, algo que com o tempo também conseguiria naturalmente jogando.
Com ele em campo o Corinthians ganharia um ponta agudo, rápido, inteligente, com bom chute e passe qualificado. Em campo o time ganharia muito em seu poderio ofensivo. Marcelo tem mais habilidade do que muito jogador da mesma posição que já passou pelo Timão.
Tanto CBF quanto FIFA não tem em nenhuma das suas regras algo que restrinja atletas trans de atuarem em equipes de futebol profissional. A entidade máxima do futebol, inclusive, concorda que precisa criar protocolos por entender que isso vai se tornar cada vez mais comum futuramente, mas ainda não bateu o martelo quanto a isso. Em tese, o Corinthians pode contratar e pôr para jogar.
O Sport Club Corinthians Paulista nasceu em 1910 pelas mãos e pés de operários. Em uma época onde praticar esporte era totalmente elitista, o time abriu as portas para os pobres e imigrantes poderem praticar. Foi um dos pioneiros na inclusão dos negros também, está gravado na história e é exibido com orgulho toda vez que entra em campo com a camisa 2, a preta com listras brancas. E que orgulho!
O clube é um dos grandes com posicionamento forte a favor das minorias. Por esses e tantos outros feitos de lutas pela inclusão que ganhou a alcunha de “Time do Povo”. O Time do Povo, de todos os povos, independente da cor, credo, orientação ou gênero sexual. Seria lindo, além de essencial o clube ser pioneiro nessa questão também.
É por isso e muito mais que o Corinthians deveria, sim, contratar Marcelo. Se daria certo ou não, só o tempo e o campo poderiam dizer. Mas uma coisa é certa, o gasto seria infinitamente menor em caso de fracasso e o ganho sem precedentes em caso de sucesso. Vale a tentativa.
Bruno Cassiano é escritor desde quando aprendeu a escrever e jornalista desde 2016. É Paulista, morador periférico, casado com a Narizinho e pai da Marina. Corinthiano, maloqueiro e sofredor desde 1994.
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