Timão não entra em campo desde 15 de março, quando recebeu o Ituano em sua Arena
Arena Corinthians, 15 de março de 2020. O Corinthians recebe o Ituano pela 10ª rodada do Paulistão. Portões fechados, arquibancadas vazias. Nos alto falantes o som da Fiel cantando “Eu nunca vou te abandonar”. Lá fora, a organizada Camisa 12, de máscaras e luvas, canta, provando que, conforme prometido, “nunca estarás só”.O time do interior saiu na frente com gol de Breno Lopes.
O Timão igualou com Luan. Um belo gol. Seria o último: o coronavírus estava prestes a colocar o país em um inesperado hiato futebolístico.
Fim de jogo, 1 a 1. O Corinthians entra na paralisação ameaçado de ficar de fora das quartas de final. Naquele domingo mesmo, Luan sai de campo com febre. Suspeita de coronavírus Covid-19. Preocupação. No dia seguinte (16/03) a Federação Paulista suspende o campeonato por tempo indeterminado.
O Corinthians anuncia o fechamento da Arena, do CT Joaquim Grava e suspende as atividades no Parque São Jorge. Todas as categorias esportivas paralisadas. “O Corinthians só retornará à ativa quando houver um cenário de segurança para a saúde de todos”, disse o Clube do Povo em nota oficial.
Enquanto os chamados a doações crescem, os jogadores treinam em casa seguindo programa do Departamento Médico para manterem, ao máximo, a forma física.
As redes sociais dos corinthianos se veem inundadas pela frase “Fique em casa”, que o Corinthians não se cansa de postar. Em vídeo, o ídolo Basílio mandava fazer o caminho inverso. Saiam da Arena, vão para casa, comprem dos comércios pequenos dos seus bairros, fiquem em casa. Quem ama, cuida.
O Corinthians coloca suas instalações a serviço da saúde pública. Arena, CT, Parque São Jorge. “Usem como for necessário”. Foi o primeiro, como sempre.
O confinamento chega a todos os lugares. Sempre carismático, Zoom Fuller, o Gringo da Favela, dialogou com o coronavírus: “Eu estou ficando louco!”.
Uma edição da campanha “Sangue Corinthiano” foi organizada às pressas. Não tinha como dar errado. O Corinthians conhece sua torcida. 1.216 bolsas de sangue foram recolhidas em três dias e distribuídas aos quatro maiores hemocentros de São Paulo.
Nem nas janelas do futebol, onde as contratações e especulações mexem com o imaginário dos torcedores, nunca se viu tanto corinthiano nas redes sociais. Vale tudo para amenizar a saudade do Corinthians, até assistir BBB.
Vídeos de jogos históricos, antigas conquistas, documentários, feitos históricos dos craques, videogame, Free Fire, enquetes e reprise de gols… A internet é vasculhada em busca de histórias reais ou fictícias do Corinthians.
Há quem diga que já assistiu todos os filmes, de Mazaropi a “O casamento de Romeu e Julieta”… “A senhora não sabe o que é um Palmeiras x Corinthians”, dizia o personagem de Lima Duarte em “Boleiros”.
Outros colocam suas energias a serviço de iniciativas de ajuda e se tornam verdadeiros heróis. São milhares de ações sociais promovidas por jogadores e torcedores. A vida não pode esperar.
Mas, a política também não pode parar nem em tempos de pandemia, pois o estatuto reza que em novembro haverá eleição para uma nova diretoria no Corinthians. A oposição se movimenta, o CORI lança medidas internas visando minimizar os prejuízos financeiros causados pelo COVID-19.
A diretoria faz contas e adota medidas extremas, já que, a depender da disseminação do vírus, logo terá que reduzir o salário dos jogadores, fazer acordos salariais. Paralisados os campeonatos, as receitas deixaram de entrar nos cofres do Corinthians. Uma delas é a arrecadação de bilheterias que paga a Arena.
Férias coletivas a elencos e funcionários, renegociações ou suspensão de contratos com fornecedores, a tentativa de negociar com patrocinadores, campanhas internas para manter o pagamento dos sócios do clube e levantar recursos com o Fiel Torcedor, com a campanha “Eu nunca vou te abandonar”.
Mas a doença existe e faz vítimas fatais. Quase 700 pessoas já perderam suas vidas só no Estado de São Paulo. Uma delas o pai da zagueira Pardal. E não se espera o melhor. O Pacaembu e o Anhembi foram transformados em hospitais de campanha.
Apesar do drama crescente, o futebol quer voltar. Nesta terça (14), a Comissão Nacional de Clubes, se reuniu para definir a venda de direitos de transmissão dos jogos do Brasileirão 2020 ao exterior e para casas de apostas, também decidiu prorrogar por mais 10 dias as férias dos atletas.
Hoje, quarta (15), uma reunião entre os representantes dos 16 clubes do Estadual e da FPF discutirá o futuro do Paulistão. Entre as ideias em pauta, uma em especial preocupa os corinthianos. Seria cancelar as duas últimas rodadas da fase de grupos que faltam e já partir para o mata-mata. É uma possibilidade remota, mas caso aconteça, o Corinthians estará eliminado sem ter entrado em campo contra o rival.
Rival. Corinthians x Palmeiras, o Derby que não aconteceu. E ninguém sabe se vai acontecer. Mas também, ninguém está pensando nisso. “A proteção da vida humana deve se impor sobre qualquer outro interesse”, escreveu sabiamente no Twitter o astro português Cristiano Ronaldo, confinado na Madeira, sua ilha natal.
De acordo com as autoridades da Saúde, maio será um dos mais duros e difíceis meses para o povo brasileiro em relação à pandemia.
Sobre Luan? Testou negativo para o teste de coronavírus. Pelo menos essa alegria.
Por Nágela Gaia / Redação da Central do Timão
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