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A PRIMEIRA INVASÃO: Superando grandes dificuldades, há 89 anos, a Fiel invadia a Vila Belmiro

Foi a primeira grande invasão da torcida corinthiana, que viria a fazer isso outras vezes na história

O ano era 1931 e o Corinthians buscava o título do Campeonato Paulista de 1930, que se estendia até os primeiros dias do ano seguinte. O Timão havia conquistado os Paulistões de 1928 e 1929 e buscava o tri-campeonato.

Neste clima, em 04/01/1931, a Fiel promoveu aquela que seria sua primeira grande invasão, talvez a mais difícil delas. Milhares de torcedores resolveram assistir o jogo entre Corinthians e Santos na Vila Belmiro, mas as condições para isso eram poucas.

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Foto: Arquivo Celso Unzelte

Superando várias dificuldades, a Fiel deslocou-se para Santos/SP e ajudou o Corinthians a derrotar o adversário praiano, com direito a soltar gritos e cânticos de apoio, após o Timão sair atrás do placar. O jogo terminou com uma goleada corinthiana por de 5×2. A festa teve direito a invasão ao gramado, conforme relatou à Revista Placar, em 1979, o já falecido torcedor Francisco Picciochi, mais conhecido como “Tan-Tan”, líder da então Torcida Organizada.

“Guardadas as proporções, essa euforia de hoje é até brincadeira perto do que fizemos naquele domingo. Não existiam estradas boas, carro não era coisa para qualquer um, o dinheiro andava curto e ninguém fazia campanhas por rádio. Era tudo no peito e na raça, e lotamos oito composições do trem que saía da Estação da Luz e do Brás.”

“Cada uma das composições levava dez vagões e não tinha espaço para mais ninguém. O preço da passagem era três mil-réis, ida e volta, e fazia um calor dos diabos. Coisa de 40 graus. As arquibancadas eram de madeira e estalavam como gravetos no fogo. Os bombeiros precisavam jogar muita água na torcida e na madeira, para que muita gente não morresse de insolação ou queimada em um grande incêndio. O Santos marcou primeiro, a torcida começou a gritar e o primeiro tempo terminou 2 a 1 . No segundo fizemos mais três e eles um.”

“Com 5 a 2, invadimos o campo e a festa começou lá mesmo, terminando em São Paulo, já no dia seguinte. Pegamos o trem de volta e muitos torcedores vieram em cima dos vagões, sem camisa e cantando. A Estação da Luz estava abarrotada de gente com rojões e bandeirolas. Acho que tinha mais gente do que tinha no aeroporto de Congonhas depois daquela decisão contra o Fluminense, no Rio de Janeiro, em 1976. A festa durou muitas horas e eu sei que muitos daqueles torcedores que voltaram em cima do trem morreram de pneumonia e de tuberculose, vítimas do vento e do calor das máquinas”.

Por Redação Central do Timão