No último sábado (13), o Corinthians derrotou o Cuiabá por 3×2, na Neo Química Arena, em jogo que teve início às 21h (Brasília) e foi válido pela 32ª rodada do Brasileirão. O melhor da partida foi, indiscutivelmente, Renato Augusto, com um gol(AÇO) e uma assistência(ZAÇA). Ele voltou à posição de origem, como um “camisa oito”, após três jogos sendo escalado como um “camisa nove” – o popular centroavante.
O próprio jogador se colocou à disposição de Sylvinho para atuar como referência no ataque, jogando de costas para o gol adversário nestes três compromissos. Mesmo assim, o treinador foi o maior culpado pela torcida e parte da imprensa por conta da queda de desempenho de Renato atuando em nova função.
Poucos sabem disso, mas devemos lembrar que o veterano de 33 anos foi um dos idealizadores da função de Neymar como um “camisa 10” na Seleção Olímpica – onde o craque de 29 anos vem atuando até os dias de hoje. Até os Jogos Olímpicos de 2016, o astro do Paris Saint-Germain era mais um ponta do que articulador. Renato é gênio dentro e fora de campo e sabe bem o que faz.
O meio-campista alvinegro tem pleno conhecimento de sua exímia qualidade técnica. Ele sabe que rende melhor vindo de trás e enxergando o campo de frente para o gol. Porém, não há problema nenhum dele atuar, circunstancialmente, em outras funções. Renato é um jogador extremamente versátil e quer dar isso para o Corinthians.
Toda essa “improvisação” (bem entre aspas, mesmo) do meia em seu retorno ao Timão começou diante do Red Bull Bragantino, em Bragança Paulista, no dia 2 de outubro. Na ocasião, o primeiro volante Victor Cantillo saiu aos 30 minutos do segundo tempo, sendo substituído por Adson, que nem sonhando poderia entrar na posição do colombiano.
Por isto, por necessidade Sylvinho recuou Renato Augusto, que passou a ocupar a função que o camisa 24 vinha tendo. Tudo bem, o Corinthians tomou o segundo gol alguns minutos após essa mudança tática, mas o próprio meia iniciou a reação aos 45 minutos, com um belo gol (aliás, parece que ele não sabe fazer gol feio) – Gustavo Mosquito empatou de forma heroica aos 51.
Muitos criticaram quando o treinador afirmou que o jogador poderia atuar, sim, como um primeiro volante. Dada a versatilidade do camisa 8 e a ocasião, que permitiu com que ele jogasse na função por circunstância do momento da partida, onde o Timão buscava o empate, Renato funcionou como um “camisa 5”.
Depois, contra o Internacional, em 24 de outubro, no Beira-Rio, o veterano novamente começou jogando como “oito”. Entretanto, em desvantagem mínima no placar, Sylvinho optou por promover as entradas de Gustavo Mosquito e Du Queiroz nas vagas de Vitinho e Gabriel aos 14 do segundo tempo. Assim, Róger Guedes deixou de ser a referência e foi para a ponta-esquerda, onde prefere jogar. Quem passou a atuar centralizado no ataque? O versátil Renato Augusto.
Com apenas dois minutos depois da grande mudança tática, o Timão chegou ao empate com Giuliano, fazendo jus à “lei do ex”. Seis minutos depois, Fábio Santos converteu pênalti sofrido por Róger. Mesmo Renato não participando diretamente de nenhum dos dois gols, a equipe alvinegra conseguiu a virada depois de somente oito minutos com o meia atuando como um “nove”. Fora de sua posição, o camisa 8 funcionou novamente.
Pelo sucesso obtido diante do Colorado, Sylvinho acreditou que poderia escalá-lo na posição de centroavante nos três jogos seguintes, contra Chapecoense, Fortaleza e Atlético-MG. Desta vez não funcionou. O jogador desapareceu nestas partidas e – isso pode parecer até um tipo de heresia – não fez a diferença dentro de campo. Pelo contrário, sofreu enfiado entre os zagueiros adversários e pouco fez.
De volta à posição em que atuou durante a maior parte de sua carreira, Renato desfilou e fez o que quis contra o bom time do Cuiabá, que faz uma boa campanha na Série A e é bem treinado por Jorginho.
No segundo tempo, quando o técnico corinthiano mudou para o esquema 4-2-3-1 em busca dos três pontos, já que o Dourado havia empatado em um lance “sem intenção” (palavras de Giuliano) nos segundos finais do primeiro tempo, o personagem desta opinião passou a atuar como um “camisa 10”, ainda mais próximo do gol defendido por Walter.
Novamente com a mudança de posição do veterano sendo realizada ao decorrer da partida e não como escalação inicial, Renato obteve sucesso fora de sua origem e, enquanto esteve mais avançado, marcou um gol que valeria a pena o pagamento de outro ingresso para ver de novo, e de uma assistência digna de um “camisa 10” para Róger Guedes.
Não à toa, mesmo com 33 anos e sem jogar durante oito meses, entre dezembro de 2020 e agosto deste ano, Tite segue observando-o e pode voltar a convocá-lo em 2022. A Seleção Brasileira necessita de um jogador com as características de Renato Augusto e, coincidentemente ou não, o time canarinho não consegue emplacar jogos com bom futebol desde que o camisa 8 do Corinthians deixou de ser convocado, em novembro de 2018.
Sendo assim, por tudo que foi argumentado nos parágrafos anteriores, eu acredito que o veterano pode, sim, sair de sua posição de origem em momentos circunstanciais das partidas, o que já funcionou diversas vezes no Brasileirão. Afinal, além de números e posições, Renato Augusto é e sempre será “nota 10”.
*Este texto não reflete a opinião da Central do Timão.
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