As federações da Argentina, Brasil e Uruguai realizaram um campeonato precursor aos campeonatos continentais que conhecemos hoje, a “Copa do Atlântico” que reuniu 15 equipes desses países, com o objetivo de fortalecer a competição entre os países que possuíam o melhor futebol do continente.
Também chamada de “Taça Sul-Americana Interclubes”, a “Copa do Atlântico” foi um torneio internacional disputado entre junho e julho de 1956, quatro anos antes da criação da Libertadores da América.
Equipes participantes:
Argentina: Boca Juniors – River Plate – Racing – Lanús – San Lorenzo
Brasil: Corinthians – Santos – Fluminense – São Paulo – América-RJ
Uruguai: Nacional – Peñarol – Danubio – Defensor – Wanderers
Corinthians e Boca chegaram à final, porém, a mesma não foi realizada. Mas, antes de entrar na polêmica, vamos falar da campanha de ambas as equipes até chegar a final.
O Corinthians superou o Danubio na primeira fase, após empate de 2×2 no tempo normal e vitória nos pênaltis, superou o Santos nas quartas de final vencendo por 4×3 e por último venceu o São Paulo na semifinal por 2×0.
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Já o Boca Juniors venceu o Peñarol por 1×0, o Fluminense por 3×1 e o Lanús por 2×0.
Como já dizíamos, a final nunca ocorreu e na época tivemos “problemas” para acontecer. Um deles era que a competição dividia as atenções com a Copa do Atlântico de Seleções, o que acabou gerando uma divergência entre a FPF e a CBD.
Em função de um empate por 0x0 entre Brasil e Argentina pela Copa do Atlântico no dia 08/07/1956, ficou a cargo das entidades definir as datas para o encontro-desempate.
O conflito de interesses entre Brasil e Argentina pela também nomeada “Copa do Atlântico”, proporcionou um caso curioso sobre a realização da final entre Corinthians e Boca Juniors.
Na reunião entre brasileiros e argentinos, a AFA considerava que a Seleção Argentina jogaria contra o Brasil no Maracanã ou Pacaembu desde que a CBD concordasse em convencer o Corinthians a ir a Buenos Aires disputar com o Boca Juniors a final da Copa do Atlântico. A CBD concordou em discutir o assunto com a FPF, porém o posicionamento dos paulistas era o seguinte: ou os argentinos viriam ao Pacaembu, ou a Seleção Brasileira não contaria com jogadores paulistas.
Na sede da FPF a importante reunião para a definição dos jogos da Seleção Brasileira contra a Seleção Argentina, quanto o jogo entre Corinthians e Boca Juniors, vivenciou antes, um clima de tensão entre o presidente da CBD, Sylvio Pacheco e o dirigente paulista Sr. Paulo Machado de Carvalho que, depois da manifestação de outros dirigentes paulistas, foi enfático em dizer que a CBD sempre colocava o futebol paulista em segundo plano (o dirigente da CBD Luís Murgel retrucou as afirmativas), porém o dirigente paulista manteve seu tom enfático dizendo que ele tinha a obrigação em defender o público esportivo de São Paulo. Disse ainda que todos os jogos bons ficam para o Rio de Janeiro e para São Paulo são escalados os “abacaxis”.
O dirigente da CBD, Luís Murgel apresentando proposta oficiosa da AFA, propôs a data de 15/08/1956, para o embate decisivo entre Corinthians e Boca Juniors em Buenos Aires, e de 6 de setembro para o jogo desempate entre Brasil e Argentina.
O Corinthians, com base no que já havia sido proposto anteriormente, manteve a discordância em ir a Buenos Aires, porém não contrariou que a disputa fosse realizada em 15 de novembro em São Paulo.
O dirigente carioca da CBD, quando apresentou a proposta oficial da AFA, não atentou-se que o Pacaembu estaria ocupado em virtude da Semana da Pátria, devido às festividades do feriado da Independência do Brasil, visto que o estádio municipal de São Paulo foi requisitado de 1 à 7 de setembro pela 2ª Região Militar.
Luís Murgel informou que seriam realizados esforços em conseguir autorização para que o jogo fosse realizado no Pacaembu, e esclareceu que a AFA deveria concordar em atuar em São Paulo.
No final de tudo isso, tanto a partida de Brasil e Argentina quanto a partida entre Corinthians e Boca não chegaram a um acordo, a Seleção inclusive contabiliza a conquista da Copa do Atlântico de 1956 entre seu repertório de conquistas.
Sobre a decisão entre Corinthians e Boca, mais de um ano depois é possível encontrar a edição do jornal O Estado de São Paulo de 28 de dezembro de 1957 informando que as finais da competição seriam realizadas nas datas de 26/01/1958 e 02/02/1958. Naquele período, o Corinthians excursionava pela Bahia e em 02/02/1958, inclusive venceu o Flu de Feira por 2×1.
Entretanto, se o Corinthians considera a conquista de forma legítima, deveria ao menos considerá-lo dividido com o Boca Juniors
Fontes de pesquisa:
Blog História em Preto e Branco
Por Leonardo Fernandes (Twitter @TheLeonardoSccp)
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Que rolo e que aula de história corinthiana. Parabéns, Leo!!!