Zagueiro campeão em 2005 pelo Timão também acredita que no Brasil o preconceito racial é mais forte que na Europa
Cada vez mais, os protestos contra o racismo tem tomado contra não só dos noticiários, mas também das redes sociais. Usando a #VidasNegrasImportam, diversas personalidades e jogadores começaram a rebater as atitudes cruéis de alguns policiais, tanto do Brasil quanto dos Estados Unidos, contra negros.
O zagueiro Betão, campeão do Brasileirão pelo Timão em 2005, em entrevista ao jornalista Alexandre Praetzel, comentou sobre a grande movimentação nas redes sociais após a morte do americano George Floyd.
“Eu torço para que isso não seja apenas mais um ato de comoção. Todos os outros casos foram de comoção. Jogaram uma banana para o Daniel Alves, aí fica uma hastag #forçaDanielAlves por uma semana, passou e acabou. O Tinga foi ofendido, aí #forçaTinga e acabou.”, disse o defensor, que seguiu falando sobre o caso do George Floyd.
“Só espero que essa questão do George Floyd não seja apenas mais uma comoção. Talvez esteja sendo maior porque foi filmado, mas quantos casos não são filmados e que acontecem diariamente?”, completou.
Betão ainda foi além ao falar sobre a questão do racismo no futebol e no Brasil. Segundo o zagueiro, os brasileiros são mais racistas que os europeus, e ainda citou uma fala racista que é usada corriqueiramente no país.
“As pessoas falam muito no preconceito racial na Europa, mas acho que aqui no Brasil é maior do que lá. Aqui há um preconceito racial fingido, tapando o sol com a peneira. Aqui tem a maneira de falar assim, “olha o neguinho ali”. Por que neguinho é referência? A gente não vê usarem o branco como referência. Nossa luta não é contra o homem branco e sim contra os racistas“, falou.
Para finalizar, Betão ainda reafirmou que as manifestações contra o que aconteceu com George Floyd não podem ser apenas uma comoção mundial, mas que precisa ser uma luta de consciência e constante.
“Espero que não seja apenas uma comoção mundial e sou contra a violência. É uma luta de consciência e resiliência. Já sofri preconceito racial jogando no Brasil e ouço direto, ao contrário da Europa, onde nunca aconteceu comigo. Não podemos achar nada normal e levo isso com naturalidade. Vamos mostrar nossa força pela nossa capacidade, caráter e dignidade. É desta maneira que vamos combater isso”, finalizou.
Por Matheus Fernandes/Central do Timão
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