No ano de 2005 o Corinthians estava comandado pela fatídica e desastrosa parceria com a MSI. Estes tinham desenhado um projeto megalomaníaco de contratações milionárias e com bastante impacto midiático.
Haviam escolhido para lidar com as estrelas do time o argentino Daniel Passarela. Vitorioso ex-atleta que se aventurava na profissão de técnico de futebol.
O trabalho realizado não deixou saudades. Chegou em meados de abril e conseguiu uma virada histórica contra o Cianorte. Depois disso foi só declínio, com problemas de relacionamento junto a um elenco de mimados, sendo ele disciplinador.
A crise encontrou seu auge após uma derrota por 5 x 1 contra o São Paulo, no Pacaembu, a casa do Corinthians, contra um histórico freguês. Não havia quem segurasse Passarela no cargo. A imprensa num comportamento de manada teceu todo tipo de adjetivo depreciativo e houve uma enxurrada de críticas. Todos em coro entoaram o “vai cair”.
Todos erraram. Não tinham a informação. Os integrantes da imprensa chutaram e falaram o óbvio, mas o todo poderoso comandante da MSI, Kia Joorabchian, bancou a permanência do técnico e deu uma demonstração clara de força.
Aqueles que haviam dado a notícia da queda tiveram que desmentir. A apuração errada e a vontade de dar o furo só poderiam gerar o humilhante equívoco. O técnico seria mantido e teria sobrevida no Corinthians.
Eis que pela parte da tarde do dia seguinte, no programa Arena Sportv, o jornalista Marco Antônio Rodrigues, o Bodão, sendo questionado sobre a permanência do técnico dá uma surpreendente opinião: “Não aguenta! Vai cair”.
Na hora todos riram. Cléber Machado, que capitaneava o debate esportivo, salientou que a demissão já havia sido desmentida pelo mandatário e que o técnico estava mantido. Mas o jornalista em tom imperativo categórico manteve o dito. E afirmou que Kia podia entender de finanças, mas não sabia o que era o Corinthians.
Quando chegou a noite Daniel Passarela foi demitido do cargo. Somente Bodão acertou. Seus pares tiveram que se render a seu conhecimento e sua perspicácia. Furo nacional. Daqueles de colocar no currículo.
Em outro momento oportuno o jornalista explicou que seu tempo de cobertura no cotidiano alvinegro quando mais jovem, lhe havia rendido uma sensibilidade especial e que, partindo disso, era óbvio o desfecho. Explanou que no Corinthians se vive uma pressão única e desumana, diferente de tudo. Nem sempre a racionalidade é obedecida. A paixão permeia todas a relações.
Nenhum técnico aguenta uma fase ruim muito longa no Corinthians. Os dirigentes podem bancar o profissional no cargo, podem convocar todos ao bom senso, podem citar um milhão de argumentos que justificam sua permanência, mas se não espantar a fase ruim e começar a vencer as partidas… Não aguenta!
Saudações alvinegras e saravá São Jorge Fiel! Vai Corinthians!
Rafa Gil está no Twitter @gilgil22
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Belíssimo texto. É exatamente isso
Que bosta hahahaha