Certa vez um amigo Corinthiano me contou uma experiência que trouxe imensa e profunda reflexão sobre a vida. Contava que seu filho pequeno o estava atormentando para que o levasse ao Pacaembu.
Infelizmente por motivos de excesso de trabalho não estava conseguindo conciliar as datas, mas com tanta insistência da criança, enfrentou a fila para comprar os ingressos e assim realizar tão especial desejo.
A criança era o espelho da alegria. Passou noites em claro aguardando tão sonhado momento. Apenas falava disso, contava a seus amiguinhos de escola ansioso e demonstrava uma emoção comovente.
Quando chegou o domingo do jogo, vendo tão efusivo comportamento, o pai se dedicou a dar um dia perfeito e inesquecível ao rebento. Saiu logo pela manhã para curtir o dia de sol na Praça Charles Miller, em frente ao estádio.
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Era uma experiência completa. A festa começava cedo. As torcidas organizadas da Fiel se reuniam e presenteavam a todos com um lindo espetáculo de bandeiras gigantes tremulantes e cânticos entoados ao ritmo de retumbantes instrumentos.
O menino não se conteve em lágrimas. O espírito Corinthiano estava vivo e latente. Um sentimento inexplicável de admiração e felicidade que fazia o coração alvinegro bater forte e acelerado. O pai, vendo semelhante cena, pela primeira vez teve um enorme orgulho da criação que havia dado ao seu filho.
Ao entrar no estádio, se dirigiram à arquibancada central do Pacaembu. Embora faltando bastante tempo para o início do jogo, já haviam poucos lugares disponíveis. Acontecia um jogo preliminar de aspirantes e muitos acompanhavam para ver um o outro atleta que poderia ser aproveitado no time principal.
Acharam dois lugares disponíveis e se sentaram. Ao olhar para o lado, o pai ficou deveras incomodado. Estavam junto de um rapaz negro, típico estereótipo: forte, alto e espadaúdo. Confessou que, como estava com a criança, temeu pela segurança do pequeno e de possíveis brigas. Porém, como já se havia se acomodado, não se levantou, embora um pouco contrariado.
O jogo começou e com ele toda profusão de sentimentos e de sofrimento típico do Corinthiano. Os olhos da criança brilhavam. Aquele pingo de gente gritava, cantava e vivia o jogo como se não houvesse amanhã.
Eis que algumas cadeiras ao lado, dois torcedores Corinthianos se desentenderam por causa de uma cornetada a um atleta. Os ânimos acirrados fizeram ambos perderem a cabeça e partiram para as vias de fato. Houve uma pretensa correria e um momento de tensão, tudo em meio a um mundaréu de gente.
Foi muito rápido, não havia tempo para pensar. Bateu enorme desespero no pai que olhou imediatamente para baixo para proteger seu filho, mas não o viu. O pequeno Corinthiano estava nos braços daquele rapaz negro, que por puro ato de humanidade o coloca junto de si e olhando para o pai proferiu: “Tranquilo chefia, no pequeno ninguém encosta”.
O pai me contou com os olhos marejados, que ficou profundamente envergonhado. Se sentiu um lixo de gente. Aquele rapaz por quem tinha nutrido tão desprezível preconceito, havia se dedicado a proteger o seu filho como se fora este sangue de seu sangue.
Refletiu depois, que toda aquela criação de que se orgulhava ter dado a seu filho, nada valia se apoiada em valores tão execráveis como o racismo e o preconceito. Sentiu na pele o quanto tinha que melhorar como pessoa e quantas vezes fazia coisas erradas sem sentido.
Porém aprendeu uma lição para a vida. Disse que a partir daquele momento encarava todos como iguais. Não apenas no discurso, mas nas atitudes. Ainda se dedicou a ensinar, para o pequeno, esses valores verdadeiros, virtudes de compõe o caráter.
Sentaria muitas vezes ainda ao lado daquele irmão negro Corinthiano, que sem dúvida era um ser humano sensacional. As lindas tardes do Pacaembu tinham muitos mais significados e eram muito mais do que apenas um jogo de futebol.
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A arquibancada muito ensina. Lá somos todos iguais. Não importa se somos negros ou brancos, ricos ou pobres, crianças ou idosos, mulheres ou homens, gays ou héteros, de direita ou de esquerda. Importante, apenas, é a paixão incondicional que une toda a nação Fiel, um amor imensurável e inexplicável pelo Corinthians.
Saudações alvinegras e Saravá São Jorge Fiel! Vai Corinthians!
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História pesada.
Emocionante!!!
Reflexao mesmo Rafa
Parabéns rafa belo texto!
E assim que me sinto no estádio também!
Que história!
Nossa Rafa pegou pesado, estou com os olhos cheios de lágrimas! Linda história!
Cada dia é uma aula diferente, que estejamos abertos a aprender
E até em momentos de muita tensão, como uma briga numa arquibancada lotada, encontramos a mão de Deus para nos ensinar a sermos mais irmãos, mais justos e com mais amor ao próximo. Que excelente lição. A vida sempre ensina. Basta querer aprender.
Uma triste realidade, julgamos muito precipitadamente. Refletir
???
Vai Corinthians!!!
A arquibancada muito ensina. Lá somos todos iguais. Não importa se somos negros ou brancos, ricos ou pobres, crianças ou idosos, mulheres ou homens, gays ou héteros, de direita ou de esquerda. Importante, apenas, é a paixão incondicional que une toda a nação Fiel, um amor imensurável e inexplicável pelo Corinthians.
Este parágrafo define o que é ser Corinthians!! Parabéns Rafa, pelo lindo texto.
Poucas vezes me senti tão parte de uma sociedade, como me sentia nas arquibancadas do Pacaembu… junto com meus filhos, sobrinhos e a molecada aqui da favela que levava pra ver jogos e ter um dia especial e diferente.
Boas lembranças me vem a mente, lendo esse texto.
Obrigado Rafa
Q bela história de vida.