“Um dia lhe disseram que as nuvens não eram de algodão”… E lhe disseram também que uma mentira contada várias vezes, acaba se tornando verdade.
Esse é um texto que cairia bem se escrito em primeiro de abril, mas como a Central do Timão nasceu após essa data e esse era um assunto que eu sempre quis falar, não aguentei esperar até o ano que vem. O que contarei aqui, os corinthianos mais antigos e, mesmo os mais jovens que se aprofundam na rica história do Corinthians, sabem, mas não custa nada desmistificar o que foi propagado durante anos, simplesmente para denegrir a imagem do nosso clube, mas que na verdade serviu para fortalecer mais nossa história, até mesmo se tornando motivo de orgulho para alguns Fiéis. Peguei três fatos marcantes para exemplificar isso. Preparados? Aí vão:
#1 O FAMOSO TABU DE 11 ANOS CONTRA O SANTOS
Até hoje se fala disso e muitos acreditam. Mas não passa de um exagero. Do dia 21/07/1957 quando o Corinthians venceu o Santos por 2×1, com dois gols de Luizinho, até o dia 06/03/1968, vitória por 2×0, com gols de Paulo Borges e Flávio, o Timão completou 10 anos, 7 meses e 16 dias sem vencer o clube praiano somente pelo Campeonato Paulista. Nesse período o Timão os derrotou em quatro oportunidades, três dessas pelo Rio-SP (2×1 em 28/03/1958, 2×1 em 31/03/1960 e 2×0 em 29/03/1961), além de um 3×1 no dia 16/06/1962 pela Taça São Paulo. Duas mentiras já caem por terra aí. O tabu não durou 11 anos e muito menos ficamos sem vencer nesse longo período. A verdade é que o maior tabu desse clássico pertence ao Corinthians que passou 7 anos e 8 meses sem perder para eles em nenhum campeonato ou amistoso entre 1976 e 1983.
Essa é uma mentira deslavada e que os rivais abriam a boca com orgulho. Além de títulos em vários torneios tradicionais como o Costa do Sol em 1969 e o Ramon de Carranza em 1996, ambos na Espanha, o Timão conquistou, na Venezuela, em 1953, a Pequena Taça do Mundo, torneio esse que foi o embrião de alguns prestigiados campeonatos interclubes, vencendo equipes de prestígio como Roma e Barcelona.
A nível Sul-americano, em 1956, o Timão conquistou a Copa do Atlântico de Clubes, torneio que contava com clubes de Brasil, Argentina e Uruguai, as três forças futebolísticas do continente. Além do Corinthians, participaram clubes do calibre de Boca Jrs, River Plate, Peñarol, Nacional, entre outros. O Timão eliminou Santos e São Paulo antes de enfrentar o Boca Jrs na final. O time argentino não compareceu às finais e o Timão venceu o título por W.O. Diferente de alguns que correm atrás de federações e confederações atrás de reconhecimento de títulos através de fax, o Corinthians reconhece a importância desses como torneios, não como títulos oficiais, o que demonstra o gigantismo do clube. Mesmo assim, passa longe a história que alguns contavam que o Timão não tinha passaporte.
#3 OS 23 ANOS SEM TÍTULOS
Essa é polêmica, pois mexe com uma parte importante do estigma do “corinthiano maloqueiro e SOFREDOR, Graças a Deus”. Mas vamos lá. Quando se falam em títulos, consideram-se aqueles em caráter oficial, diferentemente dos torneios, alguns os quais citei anteriormente. O Torneio Rio-SP teve 28 edições e foi organizado em conjunto pelas federações dos dois estados. O sucesso foi tão grande que ele se tornou o embrião do Roberto Gomes Pedrosa, inclusive esse foi o nome dado ao Torneio em 1954, mas que não pegou, continuando a nomenclatura original. Com a inclusão dos times de fora do eixo, em 1967 o torneio, enfim, mudou de nome e passou a ter seus vencedores considerados como verdadeiros campeões nacionais o que legitimava de vez a importância e força do certame não só no âmbito regional. Mas, o que essa história tem a ver com a seca de títulos do Timão? TUDO. Segundo cansaram de nos contar, o Corinthians ficou do dia 06/02/1955 a 13/10/1977 sem levantar um troféu de relevância. Só que não foi bem assim.
No ano de 1966, o Timão, com a lenda Mané Garrincha no elenco, sagrou-se campeão do Rio-SP, título dividido com Vasco, Santos e Botafogo por falta de datas para a disputa da fase final que coincidia com a preparação da inchada Seleção Brasileira para a Copa do Mundo. O famoso tabu de 22 anos, 8 meses e 7 dias quebrado naquele inesquecível e histórico gol de Basílio, era relativo ao título estadual, o mais importante à época. O objetivo dos clubes era o estadual, os outros títulos eram relevantes, mas o patamar de importância era menor. O próprio craque Roberto Rivellino, em entrevista após a perda do título paulista de 1974, declarou que trocaria o título mundial que venceu em 1970 com a Seleção, por um título Paulista pelo Corinthians. Vê-se aí a magnitude que tinha esse título para atletas, dirigentes e torcedores.
Resumo da ópera: o Corinthians não ficou todo esse período histórico sem um título relevante. O que eu sei, e isso é a mais pura verdade, é que teve time aí que ficou dezessete anos sem ver título algum, de nada. Disso ninguém fala, né?! Enfim…
Fiel, se você tem alguma outra folclórica história sobre jogos, tabus, contratações do nosso Timão, nos conte aqui na Central. O espaço é seu! Lhe aguardo. Grande abraço e… Vai, Corinthians!
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Marcelino, você realmente é a nossa enciclopédia. Parabéns meu amigo mais uma vez arrasou aí no texto e me deu informações que nem um fanático e conhecedor da história do Corinthians como eu (na minha opinião ?) sabia . Valeu irmão. Abs
Poxa, Fabão, obrigado. Vc é fera!! Tmj sempre!
Que tabu fajuto é esse de 11 anos. Pensei que tinha sido apenas uma vitória nesse período, mas são 4. Fazem de tudo pra denegrir a imagem do Corinthians. Com relação ao tabu dos 23 anos, é até compreensível, pois o Rio-SP de 1966, foi dividido entre 4 clubes. Parabéns pela matéria e pelo profundo conhecimento sobre a História do Nosso Timão, abraço!
Obrigado, Glauco. Mas esse tabu do Santos é extremamente mentiroso. Em se tratando de Corinthians, não acredite em tudo q lhe falaram. Grande abraço!