A segunda (e atrasada) edição do nosso ranking/retrospectiva dá andamento ao difícil trabalho de elencar os 10 maiores jogadores de cada posição que passaram pelo Coringão da época de Ronaldo até agora.
Se a camisa 9 de ouro tinha lá seus favoritos ao prêmio, a camisa 10 provoca uma competição muito mais acirrada. Nem por isso você, torcedor fiel, deve se incomodar se o seu meia favorito não estiver entre os 10 – ou se ele aparecer longe do pódio. Para falar a verdade, nem meu meia favorito se encontra na primeira posição, e olha que a lista é baseada prioritariamente no científico critério da minha paixão…
Sem mais enrolar, vamos à ela!
#10 Sornoza
A fase não ajuda e o ano de estreia foi de poucos gols – mas muitas assistências. Mas o primeiro equatoriano a vestir a camisa do Timão teve um especial momento de brilho na finalíssima do Paulista que garantiu o tricampeonato ao Timão. Sua assistência cirúrgica para Vágner Love emendar o gol do título fica como boa lembrança e defesa ao nosso camisa 7 que abre, mesmo que timidamente, essa nossa lista.
#9 Bruno César
A curta passagem de menos de um ano e o fato de ter jogado pelo rival não depõem a favor de Bruno César. Os 14 gols no Campeonato Brasileiro de 2010, ano do centenário corinthiano, por sua vez, o fazem alcançar essa nona posição. De finalização precisa, poder decisivo e confiança incomum, Bruno chegou ao Timão do Barueri e se destacou em uma equipe que tinha Elias, Roberto Carlos, Jucilei, Danilo, Ronaldo, Jorge Henrique, Iarley, Dentinho e companhia. Não é pouca coisa. O que Bruno jogou no Timão nunca mais foi visto em nenhum clube pelo qual passou, seja no Brasil ou em Portugal. Um talento que apareceu e sumiu, veloz como era seu chute de canhota.
#8 Mateus Vital
Contratado após a conquista do hepta em 2017, Mateus Vital era a maior promessa da base vascaína. Dois anos depois, com mais de 100 jogos com a camisa do Timão e dois títulos paulistas no currículo, é inegável dizer que Vital evoluiu em todos os quesitos: táticos, técnicos e em poder de decisão. É verdade que o atleta de 21 anos oscila bons e maus momentos e ainda sofre com certa irregularidade, mas não é qualquer jovem que chega na idade de Vital com currículo tão recheado e tamanha confiança e segurança dentro de campo. Organizador nato, sempre teve a capacidade de acalmar o jogo e ditar o ritmo mesmo com a pouca idade.
O momento mais mágico de Vital com a camisa do Timão, para além do golaço contra sua ex equipe no primeiro turno do Brasileirão deste ano, foi a jogada individual que resultou no gol de Rodriguinho pela final do “Paulistinha” de 2018, em pleno Porcódromo. Sua importância nos times de Carille nestes dois anos sempre foi notória. Organizador nato.
#7 Pedrinho
Não é exagero dizer que Pedrinho é a maior revelação do terrão corinthiano desde Willian, em 2005. Canhoto de rara habilidade, é talentoso em basicamente todos os quesitos: passe, chute, drible, movimentação….Pedrinho é um jogador cada vez mais completo e vem demonstrando isso desde o Brasileiro de 2017, com aquele memorável chapéu triplo contra o Botafogo que resultou no gol da vitória de Jô.
Se vai ficar no Timão para 2020, eu não sei. Como Vital, já alcançou um reconhecível número de partidas, cresceu em poder de decisão e conquistou títulos importantes. Meu desejo é vida longa aos dois…mas é difícil não imaginá-los brilhando com grandes camisas do futebol europeu, tal como ocorre com o próprio Willian. Isso sem falar de Seleção Brasileira…
#6 Alex
O Alex do Timão não foi aquele craque do Internacional de 2008. Mas sob o comando de Tite, novamente, Alex foi mais uma dose de experiencia e segurança necessária para levar o clube à primeira Libertadores de sua história. Na campanha memorável do título, Alex não teve tanto o destaque de um Sheik, um Cássio ou um Paulinho, mas era um pilar, junto com Danilo, de calma e ritmo no meio campo alvinegro.
Mais do que na Libertadores de 2012, foi no Brasileiro de 2011 que Alex marcou época. Na campanha do penta, golaços contra Ceará e Internacional – este para lá de memorável, em um Beira Rio lotado – assistências contra Cruzeiro e Figueirense e outros tantas comemorações explosivas – como contra o Vasco, em pleno São Januário – como eram suas pancadas de perna esquerda marcaram Alex na história do Coringão.
#5 Rodriguinho
Rodriguinho chegou em 2013, na fatídica época do “empatite”: uma ressaca monstruosa após a sequencia espetacular de títulos vencidos. Naquela equipe poucos recém-chegados engrenaram (Maldonado, Ibson, Diego Macedo…só para lembrar valorosos nomes aos torcedores que me leem). Foi emprestado, rodou pelas arábias, pelo Grêmio e acabou voltando, de novo sob o comando de Tite, em 2015. Na campanha do hexa, fez dois belos gols como reserva de Renato Augusto, que o garantiram a continuidade em 2016. E aí o jogo mudou para Rodriguinho.
Com elenco desmanchado (Jadson, Elias, Renato Augusto, Gil e outros saindo) e com os reforços não engrenando (Marlone, Guilherme, Giovanni Augusto e Marquinhos Gabriel). Rodriguinho teve em 2016 seu ano de afirmação. Conquistou a vaga de titular e só a largou quando saiu, em 2018, já bicampeão paulista e campeão brasileiro de 2017. Nas três campanhas, foi peça essencial de Fábio Carille, marcando memoráveis três gols contra o Palmeiras e dois contra o São Paulo. Poderia ter sido muito mais na história do clube, mas sua marca já está registrada com tantos títulos, gols bonitos e um estilo que aliava poder de decisão, inteligência e verticalidade como raramente se vê hoje em dia.
#4 Douglas
Pessoalmente, Douglas é o meu meia favorito de todos nesta lista. Canhoto clássico, de espetacular visão de jogo, precisão no passe e poder organizador, chegou ao Timão como o camisa 10 que faltava a Mano Menezes para a disputa da série B. Em sua primeira passagem, mostrou o poder decisivo que expusera no São Caetano – aquele São Caetano que meteu 4 no São Paulo no Morumbi. Foi decisivo para as conquistas de 2009, mas saiu logo em seguida junto com Cristian e André Santos. Por acasos do destino, a falha da diretoria em contratar Montillo, do Cruzeiro, na virada de 2011 para 2012, fizeram com que o destino de Douglas se cruzasse novamente com o do Timão. Agora sob o comando de Tite, foi reserva de Alex e Danilo no primeiro semestre, conquistando a titularidade quando o primeiro saiu do clube. Foi em um inesquecível 3 a 0 contra o Flamengo no Maracanã que Douglas mostrou ao professor Adenor que poderia ser peça chave para a disputa do Mundial em dezembro.
E foi.
No enjoado jogo contra o Al Ahli, pela semifinal, foi um toque de gênio da canhota de Douglas que pegou a zaga egípcia desprevenida no gol da vitória de Guerrero. Preterido na final para a entrada de Jorge Henrique por razões táticas mais do que justificáveis, ainda permaneceu mais um ano no Timão para aumentar sua galeria de troféus com outro Paulista e uma Recopa. Com a volta de Mano – com quem havia brigado em um jogo da Seleção – foi emprestado ao Vasco e depois voltou ao Grêmio, mas permanece como um dos melhores meias que passaram pelo Timão e, sem exagero, um dos melhores camisas 10 brasileiros de sua geração.
#3 Renato Augusto
Deusnato Augusto foi o melhor meia do país em 2015, ano mágico onde conduziu uma brilhante equipe do Timão ao seu hexacampeonato brasileiro. O curioso é que Renato nunca foi de aparecer com golaços – como aquele na Recopa, por cobertura, em cima de Rogério Ceni – ou de assistências, por mais que seus passes fossem precisos e seus chutes preciosos. Renato era o cara que fazia o time jogar. Organizava, cadenciava, orientava. Era um líder técnico e moral de extrema raridade. Não à toa foi peça principal do esquema de Tite em seus primeiros anos da Seleção – e se aquela bola contra a Bélgica tivesse entrado, sua história no futebol mundial poderia ter tomado proporções inimagináveis.
Foram relativamente poucos jogos com o Timão nos três anos em que ficou em Parque São Jorge. Não raramente, Renato convivia com lesões e até acabou sofrendo com isso ao chegar na Copa de 2018 já com dois anos e meio de um futebol chinês muito menos intenso. Nada apaga o que o nosso craque e Bola de Ouro do penta fez, contudo. E quem sabe ainda não volta e continua sua história, como fez o nossos segundo colocado?
#2 Jadson
Se tem algo de bom que Alexandre Pato fez com a camisa de Timão foi ter sido moeda de troca para Jadson chegar ao clube de forma definitiva. A primeira temporada do camisa 10 revelado pelo Athletico Paranaense não foi das melhores, apesar de um início goleador no Paulista de 2014. Ao fim do ano, Mano Menezes não conseguia encaixar seu meio campo com Danilo, Petros, Elias, Renato Augusto e ele. Sua saída parecia iminente, ainda mais com uma proposta milionária vindo da China.
Mas aí chegou 2015 e Tite voltou ao Timão. Na estreia da temporada contra o Marília, substituiu o uruguaio Lodeiro, que repentinamente havia se transferido para o Boca Juniors, e participou de um acachapante 3 a 0 na Arena, um vislumbre do que a equipe poderia fazer no resto da temporada. Balançado com a proposta da China, resolveu ouvir Tite e ficou para brilhar em uma das melhores equipes da história do clube. Foi vice- artilheiro do time no Brasileiro e líder em assistências, rivalizando com seu parceiro Renato Augusto no quesito de melhor do campeonato. Destacando-se, a China voltou a sondá-lo e dessa vez Jadson cedeu. Ficou 2016 longe do Brasil para voltar, já sob o comando de Fábio Carille, ao Timão de 2017. Com menos destaque, é verdade, Jadson ainda fez gol na final do Paulista, contra a Ponte, e no decisivo jogo contra o Fluminense, que garantiu o hepta brasileiro ao timão – o segundo de Jadson. Em 2018, continuou aparecendo em decisões, sendo eleito o melhor jogador da Copa do Brasil, em que o Corinthians ficou com o vice, e faturando mais um Paulista para sua galeria.
Até aqui, são incríveis 243 jogos e 50 gols que o colocam como 4º artilheiro do século XXI corinthiano, além de ser o vice-artilheiro da história da Arena Corinthians.
#1 Danilo
A história de Danilo é curiosa em vários sentidos. Em uma época em que o Timão sofria para ganhar um Majestoso, Danilo era nosso algoz. Por lá, venceu tudo o que tinha para vencer antes de se transferir ao Kashima Antlers de Osvaldo de Oliveira. No ano do centenário corinthiano, chegou ao clube como um dos medalhões experientes para ajudar na conquista da Libertadores inédita, junto com Tcheco, Iarley e Roberto Carlos. Pouco jogou e muito foi criticado pela aparente lentidão, um contraste tremendo aos torcedores que se acostumaram a ver Douglas como maestro em anos anteriores.
2011 veio, Tolima também e Tite permaneceu. Confiando no futebol de Danilo, o deixou como peça titular e essencial de uma equipe raçuda que foi ganhando corpo no Campeonato Paulista. O avassalador início de Brasileiro, com uma épica goleada de 5 a 0 para cima do ex-clube de Danilo no Pacaembu e que ainda contou com um golaço do camisa 20 e três assistências, foi basicamente sue momento de afirmação com a camisa corinthiana.
O resto é história.
Tricampeão brasileiro, bi paulista, Mundial, Libertadores, Recopa…mais de 300 jogos, algoz de Palmeiras, São Paulo e Santos em jogos decisivos e históricos…a história de Danilo é tão rica – e tão mais rica do que as dos demais dessa lista – que é praticamente impossível de contar aqui.
Seu estilo cadenciado, calmo como a sua personalidade, frio nas tomadas de decisão e decisivo em momentos quentíssimos dos jogos, o fizeram um jogador classe A do Timão: multicampeão, deu a dose de precisão e ritmo que faltava para o título invicto da Libertadores. Danilo é inesquecível e foi um dos maiores injustiçados da história do futebol brasileiro por nunca ter vestido a camisa amarelinha.
Azar da Seleção.
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