2012 era o ano! Havia a profecia, alguns tinham medo. Como previsto pelos Maias o mundo se findaria no último mês, alguns dias antes da virada para 2013. Sabemos bem que o mundo não acabou como profetizado pelo povo antigo. O que ninguém previu é que o mundo pararia.
Tudo começou em julho. Os gritos de gols, Emerson escorregando para ir pra galera, Fábio Santos pedindo a bola do jogo, a estrutura sendo erguida em campo e, por fim, Alessandro erguendo uma taça, grande e pesada, tal como era a sensação de alívio e comemoração que escapava aos gritos e às lágrimas. Era o fim da Libertadores, o início da liberdade.
A partir daí o caminho estava pavimentado, num instante o Japão ficou logo ali, como se fosse um estado vizinho e não um país lá do outro do mundo. O torcedor precisou parar para pensar como faria para atravessar continentes para invadir assim como já tinha feito antes no Rio e no sul, só que de ônibus.
Rivais pararam também. Em um estalar de dedos a vitória sobre o místico Boca Jrs, passou a ser algo completamente normal, queriam ver mesmo o ímpeto do time alvinegro contra o Chelsea. A torcida era para que o continente ficasse azul, já que não tinha dado, a torcida se tornou para que ele continuasse como era.
Dezembro chegou. 16 dias depois lá estava o Corinthians, do outro lado do mundo e seu povo estava junto. Mais de 25 mil torcedores levaram com eles as nossas cores, nossos gritos e fizeram daquele estádio um pouco nosso (um dia ninguém saberá dizer se o jogo foi lá ou aqui no Pacaembu). O mundo parou…
Aqui a Fiel acordou cedo, os antis acordaram também. Tudo para ser feito em um domingo típico foi deixado de lado, nada era tão importante quanto saber se o mundo ainda seria azul ou se ficaria mais bonito. À essa altura ninguém mais queria saber se acabaria ou se haveria mundo, até mesmo os Maias, se estivessem vivos, deixariam a profecia para um outro momento.
Ali naquele lance, e um pequeno ponto neste grande mundo, vimos que tudo estava errado. O mundo não iria acabar, ele pararia e seguiria colorido em outros tons novamente. Entendemos também que o tempo é mesmo relativo, o que geralmente duraria segundos, pareceu durar horas em um silêncio ansioso torturante. Danilo chutou, a bola espirrou para o alto e o Guerrero subiu, só quando o Peruano tocou o chão novamente que tudo voltou ao normal. A Terra girou, o grito saiu e tudo que era azul… Se refez em preto e branco.
Uma vez mais o mundo foi dos loucos, que não poucos, espalhados e surgidos de tudo quanto é canto de Itaquera a Yokohama. Seguimos com o mundo, aos trancos e barrancos, girando, com o Corinthians sendo o único daqui desse lado do planeta a tê-lo em suas cores.
Bruno Cassiano é escritor desde quando aprendeu a escrever e jornalista desde 2016. É Paulista, morador periférico, casado com a Narizinho e pai da Marina. Corinthiano, maloqueiro e sofredor desde 1994.