“– Bruno, quando for gol, você dá um grito para eu acender.”
Meu pai recomendou antes de subir um lance de escada e se posicionar na laje de cima da nossa casa. Na mão direita um isqueiro, na esquerda uma madeira com o rojão assentado na ponta.
Me perguntei como ele sabia que seria gol. A bola poderia subir demais, o goleiro poderia pegar, o cobrador poderia escorregar… Eram muitas as chances de não ser gol contra uma única de ser gol. Não tinha como ele saber, mas algo na voz dele dizia que ele sabia.
Acontece que em muitas ocasiões meu pai reunia a família para ver o Corinthians jogar. Colocava a TV para fora, improvisava dois bancos grandes para acomodar as pessoas, tipo arquibancada, e, às vezes, assava uma carne na brasa tomando cerveja. Essa é a primeira lembrança que tenho dessas reuniões.
Corinthians e São Paulo fizeram a final do extinto Torneio Rio-São Paulo em 2002. O primeiro jogo foi 3 a 2 para o Corinthians com o mando do adversário, no segundo jogo o Timão precisava só de um empate para conquistar o título de campeão daquela edição. Mas se não sofrido não é Corinthians.
No segundo jogo quem abriu o placar foi o São Paulo, diante de um público de maioria alvinegra e assim se manteve a frente até os 32 minutos do segundo tempo, quando o Corinthians teve uma falta para cobrar perto da meta adversária e o Rogério, lateral direito do Timão, pegou a bola para confrontar o Rogério, goleiro são paulino.
“– Bruno, quando for gol você dá um grito para eu acender.”
Rogério se posicionou e meu pai olhando fixamente para mim. Rogério respirou e o isqueiro perto do pavio, pronto para acender. Rogério partiu, tomando a frente do Ricardinho e bateu. Eu pulei.
“– GOOOOOOL, PAAAI, GOOOOOL!” – Gritei. Ele riu, a risada característica dele, enquanto acendia e erguia a madeira para o alto.
“– VAAAAI CORINTHIANS, POOO##!” – Gritou, como sempre fez, antes de estourar os fogos.
PÁPÁPÁPÁPÁ POOOOOOOOW!
Sabe aquela frase, naquela faixa, que sempre surge em títulos do Corinthians? Pois é…
Ele já sabia.
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Que lembrança boa