Esse não é um texto para falar de números ou desempenho. É sobre a saudade de casa.
Se tratando de casa, excluindo aquelas que a Fiel brinca e ri dizendo que é sua também, o Corinthians teve algumas ao longo da história, o Pacaembu está nessa lista, mas não é apenas mais uma.
O estádio não foi a primeira morada do time, mas foi a primeira de tantos e tantas torcedores e torcedoras, que no cimento e debaixo de chuva e sol, subindo ou não no alambrado, nas descidas e subidas, aprenderam e testemunharam o Corinthianismo, na dor e na alegria.
Foi lá que a Fiel deu imensas e tantas provas de amor ao Corinthians, foi lá que lágrimas e ódio também foram despejados. O Pacaembu testemunhou a doçura e o sentimentalismo da torcida, provou e foi vítima de sua ira materializada. O velho estádio ecoou os gritos de orgulho após aquela eliminação injusta em 2013, mas também sofreu em sua estrutura a força da raiva lá em 2006.
Quiseram os Deuses do futebol que o estádio não presenciasse o descenso em 2007, quiseram os mesmos que a subida antecipada fosse nele. O Corinthiano maloqueiro e sofredor, naquele solo foi maloqueiro e vencedor. Quisera o destino que muitas conquistas fossem comemoradas ali, no meio da fumaça dos sinalizadores e da barulheira dos fogos. Modéstia à parte, sem clubismo algum, não há torcida que combine mais com as arquibancadas do Paulo Machado de Carvalho.
Em tempos de futebol moderno, o Pacaembu continua lá, erguido, mostrando que moderno é e sempre será a demonstração de afeto, como as comemorações na alambrado, como o Tite vendo o jogo do meio da galera, como Paulinho subindo, comemorando e abraçando um torcedor como se ele fosse um ente querido. Em tempos de modernidade, um dos sentimentos mais antigos está sempre adormecido na Fiel; a saudade. Pronta para ganhar voz, a mente e até escorrer pelos olhos com os lembranças boas e ruins.
Eu disse que era sobre a saudade de casa.
Ao meu, ao seu e ao nosso bom e velho Pacaembu, os meus parabéns. Que presencie ainda mais conquistas, que seja o berço de novos Corinthianos e Corinthianas por muito mais tempo. Que seja palco de sorriso, lágrimas e muitas emoções alvinegras. Afinal de contas há de ser como o saudoso mestre e Corinthiano Adoniran Barbosa cantava: “Saudosa Maloca, Maloca querida que dim donde nóis passemos dias feliz de nossa vida.”