O presidente do Corinthians, Duilio Monteiro Alves, manifestou-se pela primeira vez sobre o “apagão da comunicação” do clube, que ocorreu entre às 10h da última sexta-feira e às 10h desta segunda-feira. Em entrevista coletiva na tarde de hoje (25), o dirigente explicou que o Timão se sentiu obrigado a realizar algum movimento contra a propagação do ódio no futebol e contra as famigeradas fake news.
“A gente optou por fazer uma campanha para chamar atenção de tudo que a gente vive hoje, que, no meu ponto de vista e de nós todos no Corinthians, está passando dos limites em termos de discurso de ódio e fake news. Todos vocês são vítimas, e todos que nos assistem, de alguma forma, são. O Corinthians se sentiu na obrigação de fazer alguma coisa, e, por isso, naquele momento a gente não pôde comunicar isso a vocês. Ficou esse vácuo de informações, vamos dizer assim”, justificou o mandatário.
“Vou aproveitar para falar um pouquinho. ‘Ah, mas por que o Corinthians fez isso na véspera de um jogo tão importante, dia do torcedor corinthiano, semana que antecede um jogo importante da Libertadores?’ Porque a gente quer muito chamar atenção para isso. A gente escuta há muitos anos, por vocês (imprensa), ‘alguém tem que fazer alguma coisa’. Todos os dias a gente tem algum tipo de agressão nas redes, dentro do campo, fora, com torcidas, intimidação, pedras em ônibus. É um negócio que está saindo do controle.”
Para o presidente corinthiano, as diversas situações envolvendo agressões e ameaças recentes no meio do futebol estão “fugindo do controle”. Por isso, o Corinthians optou por utilizar sua marca midiática para tomar alguma providência contra o ódio no esporte.
“Quando alguém, como o Corinthians, usa sua força, sua marca, sai das redes sociais, e não se comunica, é para a gente mostrar, de alguma forma, que chega. Precisamos nos unir para fazer alguma coisa. Durante o apagão do Corinthians, assisti o técnico Zé Ricardo (do Vasco) em uma situação que não pode acontecer. Vimos agressões na Premier League, ameaça de bomba na casa de um zagueiro do Manchester United (Harry Maguire). Isso está fugindo do controle em todas as áreas“, disse.
“E o Corinthians fez esse movimento. Muitos falaram ‘é muito mais cômodo, porque não precisa dar explicação’. A gente foi para o jogo (contra o Palmeiras) para ganhar. Corinthians nunca vai pensando em perder. Não foi o resultado que queríamos, não demos entrevista também. Foi para alertar, não quero isso para o meu filho, acho que ninguém quer esse futuro que está se desenhando.”
Duilio também afirmou que ficar 72 horas sem quaisquer publicações nas mídias digitais foi um problema para o clube, que tem “compromissos comerciais” a cumprir com patrocinadores e parceiros. Mesmo assim, o mandatário reforçou a necessidade de o Timão se manifestar contra o ódio no futebol.
“Para o Corinthians é um problema sair das redes, temos compromissos comerciais, diversas outras coisas, e principalmente a comunicação com o torcedor. Fizemos para chamar atenção desse problema que vivemos. Vi em um programa cobrando atitude porque estava passando a matéria do Zé Ricardo. Corinthians fez e não foi citado. Em nenhum momento. Não dá para entender”, declarou Duilio.
Além disso, o presidente questionou se as pessoas estão satisfeitas com os casos de ódio que vêm acontecendo no esporte e destacou a necessidade de um “limite” para essas ocorrências recentes, o que o dirigente chamou de “mal da sociedade”.
“A gente está satisfeito com o que estamos vivendo? É isso que a gente quer? É a pergunta que fica. Jogar futebol, paixão, isso tudo é maravilhoso. A paixão pelo time não pode passar em cima das leis, da convivência. Temos que ter limite para tudo. Enquanto não entendermos que fazemos o futebol, a gente não se mexer para combater isso, é essa vida que vamos ter. Eu não quero. O Corinthians tem obrigação de brigar contra esse mal da sociedade. Levantamos essa bandeira por isso“, concluiu.
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