A Arena que joga junto – Blog do Bruno Cassiano

No futebol é comum citar o “fator casa” quando o assunto é alguma partida de futebol e as muitas variáveis que podem influenciar no resultado final. Dependendo do equilíbrio entre elencos e o momento de cada time em determinado campeonato, não é raro o detentor do mando de campo ser considerado o grande favorito.

Foto: Reprodução

Quando o Corinthians é o mandante, seja em pontos corridos ou em competições mata-mata, o fator casa é sempre levado em conta nas análises. O Timão parece outro time jogando em seu território, principalmente quando os jogos são grandes ou clássicos. Parece que a própria Neo Química Arena joga com o time. Os motivos para tal sensação, podem ser muitos, a começar pela construção da tão sonhada casa corinthiana.

Logo quando foi anunciado e o projeto do estádio foi revelado, parte da torcida do Corinthians, mesmo que eufórica assim como o geral, se dividia quando o assunto era o design da construção. Muitos sonharam com o tão sonhado estádio construído como os tradicionais, redondo, assim como a casa anterior do time, o Pacaembu. Outros gostaram da novidade da forma exata como foi apresentada, o estádio seria único em seu visual e tão moderno quanto as arenas de times europeus.

Aqueles que queriam ver o estádio corinthiano no formato tradicional tinham um argumento válido que ía além da estética estrutural, a acústica. A maior preocupação era com as aberturas laterais da Arena, que até teve arquibancadas ocupando esses espaços, mas foram removidas após a Copa do Mundo de 2014 por serem provisórias. Acreditavam que a Fiel conseguiria fazer menos barulho, um engano justificável, já que a Arena foi projetada para o barulho ser ainda maior.

Foto: Bruno Teixeira / Agência Corinthians

Foram feitos estudos para medir os decibéis da torcida. No Pacaembu, durante o ápice da Fiel torcida o som alcançava mais de noventa e um decibéis, isso ocorria principalmente em gritos de gol. Na Neo Química Arena esse número aumentou para cento e treze. Isso porque placas no teto da construção absorvem o som e o manda de volta para baixo, como um eco. Se na antiga casa a torcida era ouvida, na nova conseguia ser ouvida um pouco mais alto.

O gramado foi outra parte pensada para beneficiar o time da casa e atrapalhar a vida dos visitantes. Nos jogos iniciais do Timão era comum ver os escorregões dos adversários, até hoje isso é possível ser visto. Tite gostava, há quem diga até que o, hoje, treinador da Seleção Brasileira mandava molhar um dos lados do campo e isso ajudava na velocidade do ataque corinthiano. Fato é que o solo na casa alvinegra é traiçoeiro para os rivais descuidados e deve ser considerado como uma das armas mais mortais que o estádio oferece ao Corinthians, ficando atrás de um único outro elemento; a Fiel.

É quase unânime entre os jogadores a opinião de que jogar com a torcida a seu favor é muito melhor do que jogar com a torcida contra. Sentem a motivação maior tal como a autoestima, isso influencia diretamente no desempenho de cada jogador em campo. É quase unânime também, entre os que jogaram no Corinthians, que a massa alvinegra faz a diferença. Alguns dos que jogaram contra também opinam sobre a força da torcida e há aqueles que ainda em atividade, manifestam o desejo de um dia jogar a favor da Fiel. 

Inauguração da Arena – Foto: Rodrigo Coca / Agência Corinthians

Os números da Arena comprovam que jogando em seu território o Timão é um adversário difícil de ser batido. Até hoje 230 jogos foram disputados em Itaquera, com 136 vitórias, 65 empates e apenas 29 derrotas do time da casa. O Timão marcou 358 gols e sofreu 166.

Os estudiosos ainda não sabem conclusivamente como a motivação age no psicológico no ser humano, mas todos concordam que é real o ganho ou a perda, dependendo da forma como essa motivação é usada. Até aqui a motivação mais os outros artifícios e armadilhas que o estádio do Corinthians guarda, tem sido eficaz na ajuda ao time na maioria de seus desafios enfrentados em Itaquera. Até aqui o time tem sua Arena como aliada, jogando junto.

Bruno Cassiano é escritor desde quando aprendeu a escrever e jornalista desde 2016. É Paulista, morador periférico, casado com a Narizinho e pai da Marina. Corinthiano, maloqueiro e sofredor desde 1994.

Clique AQUI e siga Bruno Cassiano no Twitter

Notícias do Corinthians  

Rolar para cima