Pergunta difícil, não é mesmo?
Dificílima, pois não vi ninguém desse período jogar, exceto em pequenos vídeos disponíveis na internet.
Dessa forma, as escalações foram feitas a partir de pesquisas no Almanaque do Timão, do Celso Unzelte, e leitura de jornais da época, especialmente a Folha de São Paulo.
A seleção foi baseada em estatísticas, ou seja, gols, partidas disputadas, títulos e relevância histórica.
Destaca-se que as seleções foram escolhidas com base nos esquemas táticos dominantes de cada década.
Na década de 60, o esquema tático predominante no futebol brasileiro era o 4-2-4, quatro zagueiros, 2 meio-campistas e 4 atacantes, sendo 1 ponta-direita, 1 ponta de lança, 1 centroavante e 1 ponta-esquerda.
Todas as escolhas serão explicadas através do número de jogos, gols, títulos e importância histórica.
Na década de 60, o Corinthians conquistou apenas o título do Rio-São Paulo de 1966, dividido com Botafogo, Santos e Vasco, uma vez que não haveria datas para o desempate em razão da disputa da Copa do Mundo de 1966 em na Inglaterra.
Foi um dos períodos mais difíceis da história alvinegra. A década foi o auge de um dos melhores, senão o melhor time da história do futebol Brasileiro, o Santos de Pelé. E não era só. Ainda havia o Palmeiras de Djalma Santos, Djalma Dias, Julinho Botelho, Dudu e de um certo Ademir da Guia, o Divino, filho de Domingos da Guia, ex-zagueiro do Corinthians entre 1944-1948. No final da década, em 1970, o São Paulo saiu de uma incômoda fila de 13 anos sem títulos, deixando o Corinthians sozinho numa fila de 16 anos. Tempos difíceis, mas foi o período em que surgiu Roberto Rivelino, o Reizinho do Parque São Jorge.
Vamos lá.
Goleiro: O Corinthians não teve um goleiro indiscutível na década de 60. Gilmar, o maior goleiro da história do futebol brasileiro, foi negociado com o Santos, em 1961, aos 31 anos de idade. Cabeção, já experiente, alternava entre a titularidade e a reserva. De 1961 a 1970, o Corinthians teve uma série de goleiros, que não deixaram muitas saudades. Marcial, Diogo, Barbosinha, Lula. Todos começaram como esperanças, mas não resolveram o problema da meta do Corinthians. Ado, campeão do mundo em 70, fez apenas 52 jogos na década e, dessa forma, fica de fora. Dessa forma, o eleito é Heitor Amorim Perroca, ou simplesmente, Heitor.
Começando pelo fim, Heitor teve que sair escondido do Pacaembu numa derrota por 4×3 para o Noroeste em 16.10.1966 e foi proibido de entrar no clube no dia seguinte sob a alegação de “vendido”. Eis o inferno. Agora, o céu: Heitor defendeu um pênalti de ninguém mais, ninguém menos que Pelé, no dia 30.09.1964. Foi campeão Pan-Americano, em 1963, nos jogos realizados em São Paulo, mais precisamente no templo sagrado do Parque São Jorge. Fez 119 jogos e sofreu 137 gols entre 1963-1966.
Lateral Direito: Jair Marinho. Mais uma posição de difícil escolha. O Corinthians não teve nesse período um lateral incontestável, como foi Zé Maria na década de 70, por exemplo. Dessa forma, a escolha recaiu sobre Jair Marinho, bicampeão do mundo, na condição de reserva de Djalma Santos, em 1962. No Corinthians, Jair Marinho fez 96 jogos e 1 gol entre 1965-1967.
Zagueiro Central: Ditão. Símbolo da raça alvinegra. Fez 281 jogos e 4 gols entre 1966-1971. Na década de 60, fez 263 jogos. Filho e irmão de jogadores de futebol (o nome Ditão foi herdado do pai, que também se chamava Geraldo), chegou a ser convocado para as partidas preparatórias da Seleção Brasileira antes da Copa do Mundo de 1966. Seu nome, no entanto, acabou sendo trocado, por engano, pelo seu irmão, também Ditão e zagueiro, que jogava pelo Flamengo. A CBD, com medo de cair no ridículo, preferiu não desfazer o mal-entendido. Fez 281 jogos e 4 gols entre 1966-1971. Na década de 60 fez 263 jogos pelo Corinthians.
Quarto-Zagueiro: Luís Carlos. Até a chegada de Gamarra, em 1998, Luís Carlos Galter sempre foi escalado ao lado de nada mais, nada mesmo que Domingos da Guia na zaga de todos os tempos do Corinthians. Foi considerado um dos melhores marcadores de Pelé, principalmente após a vitória sobre o Santos, em 06.03.1968, que ajudou o Corinthians a quebrar um tabu de 11 sem vitórias em jogos válidos pelo Campeonato Paulista. Foi várias vezes convocado para a Seleção, mas só foi titular uma única vez em 24.07.1971 na vitória de 1×0 contra o Paraguai, no Maracanã. Na década de 60 fez 170 jogos pelo Corinthians. No total, fez 333 jogos com a camisa do Corinthians entre 1967-1973.
Lateral esquerdo: Oreco. Campeão do mundo em 1958, Oreco fez 409 jogos e 3 gols entre 1957-1965. Na década de 60, Oreco fez 204 jogos. Inferior apenas a Nilton Santos na lateral-esquerda causou espanto a sua não convocação para a Copa de 1962, ainda mais considerando que também jogava de zagueiro. Oreco não foi campeão pelo Corinthians, mas respeitou como poucos a camisa alvinegra.
Meio-campista: Dino Sani. Chegou consagrado ao Corinthians aos 32 anos após passagens por Palmeiras, São Paulo, Boca Juniors e Milan. Dino Sani foi campeão do mundo em 1958. Começou a Copa como titular, mas perdeu a posição para Zito após uma contusão às vésperas da partida contra a União Soviética. No Corinthians fez dupla de meio-campo com o ainda garoto Roberto Rivelino. Dino Sani deu um pouco talento a um time que primava muito mais pela transpiração que inspiração. Fez 117 jogos e 32 gols entre 1965-1968, vencendo 57,3% dos jogos que atuou.
Meio-campista: Edson Cegonha é o outro meio-campista desse time. Foi companheiro de Roberto Rivelino no meio de campo por um bom período dos anos 60. Eventualmente, jogava de lateral-esquerdo. Edson foi um dos 40 jogadores pré-convocados para a Copa do Mundo de 1966. No Corinthians, fez 187 jogos e 17 gols entre 1964-1969.
Ponta-Direita: Paulo Borges, o Risadinha, foi um dos heróis na mágica noite de 06.03.1968 ao fazer o primeiro gol do Corinthians contra o Santos, no jogo da quebra do tabu de 11 anos em jogos válidos pelo Campeonato Paulista. Contratado junto ao Bangu, onde foi peça fundamental no título carioca de 1966, Paulo Borges foi regularmente convocado para a Seleção Brasileira no ciclo para a Copa de 70. Na década de 60, fez 149 jogos e 46 gols. No geral, fez 235 jogos e 62 gols com a gloriosa camisa do Corinthians entre 1968-1974.
Ponta de lança: Silva, o Batuta, que fez grandes duplas tanto com Nei Oliveira, o pai do Dinei, e Flávio Minuano. No Corinthians, Silva fez 95 gols em 144 jogos entre 1962-1965. Silva foi o artilheiro do Corinthians nas temporadas de 1962-1963 com 43 e 24 gols, respectivamente.
Centroavante: Flávio. Apelidado de Minuano em estrita referência ao vento frio e cortante do sul do país, pois se dizia que invadia a área adversária da mesma forma que o vento. É mais um herói de 06.03.1968. Ele fez o 2º gol contra o Santos num potente chute de perna esquerda, que foi no ângulo do goleiro Cláudio. Flávio foi o artilheiro do Campeonato Paulista de 1967 com 21 gols, após 10 anos ininterruptos de artilharia de jogadores do Santos, Pelé por 9 vezes e Toninho Guerreiro, 1 vez, em 1966. Flávio é, ainda, o jogador que mais fez gols numa temporada pelo Corinthians: 55 na temporada de 1965. Entre 1964-1969, Flávio disputou 228 jogos e fez 172 gols, vencendo 56,1% dos jogos em que atuou.
Ponta-esquerda: Roberto Rivelino, o reizinho do parque. Rivelino foi o melhor jogador que vestiu a camisa do Corinthians. Apenas isso. Na década de 60, Roberto Rivelino fez 285 jogos e 88 gols pelo Corinthians. No geral, Rivelino fez 474 jogos e 144 gols, vencendo 50,2% dos jogos que atuou, entre 1965-1974. Infelizmente, em termos de títulos, Rivelino venceu apenas o Rio-São Paulo em 1966, dividido com Santos, Botafogo e Vasco da Gama. Nesse time, Rivelino, até pela escassez de bons pontas-esquerdas, será o falso ponta-esquerda, posição que atuou na Copa do Mundo de 1970.
Heitor, Jair Marinho, Ditão, Luís Carlos e Oreco;
Dino Sani e Edson Cegonha;
Paulo Borges, Silva, Flávio e Rivelino.
Abaixo os números do Corinthians na década de 60:
Jogos: 599
Vitórias: 312 (52,09%)
Empates: 142 (23,70%)
Derrotas: 145 (24,21%)
Gols pró: 1165 (1,94 por jogo)
Gols contra: 731 (1,22 por jogo)
Saldo de gols: 434
Apenas para efeitos de comparação, segue abaixo os números do Corinthians na década de 50:
Jogos: 639
Vitórias: 397 (62,13%)
Empates: 123 (19,25%)
Derrotas: 119 (18,62%)
Gols pró: 1561 (2,44 por jogo)
Gols contra: 893 (1,39 por jogo)
Saldo de gols: 668
Os números foram pesquisados no Almanaque do Timão de Celso Unzelte.
No próximo texto, a Seleção da Década de 70 com base no esquema 4-3-3.
Será Rivelino, Sócrates e mais 9…
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Excelente!
Obrigado, Marcelo.